
Professores, funcionários e representantes do movimento estudantil de Faculdades de Tecnologia do Estado de São Paulo (Fatecs) e das Escolas Técnicas Estaduais (Etecs) de São Paulo promoveram na última quinta-feira (17) uma audiência pública na Assembleia Legislativa de São Paulo (ALESP) sobre o ensino técnico e as discussões da greve. O evento foi solicitado pela deputada Paula da Bancada Feminista (Psol).
Os professores das Etecs e Fatecs, mantidos pelo Centro Paula Souza, estão em greve desde o dia 8 de agosto, reivindicando melhores condições de atuação no ensino profissionalizante paulista.
Segundo o diretor do Sindicato dos Trabalhadores do Centro Paula Souza (Sinteps), Felipe Chadi da Silva, que é técnico administrativo na Etec Horácio Augusto da Silveira, na Zona Norte da capital, eles receberam apoio de deputados estaduais e movimentos estudantis e reforçaram temas sobre o ensino técnico, compartilhando a vivência nas unidades, problemas enfrentados e reivindicações da categoria.
“O desmonte do ensino técnico é um retrocesso para a juventude do Estado”, disse a deputada professora Bebel (PT), durante audiência pública.
“A ideia final é fazer encaminhamentos para que fique nítido no que os trabalhadores estão atuando, quais os problemas que afetam as nossas escolas faculdades de tecnologia”, destacou a professora Sirlene Maciel, representante da Bancada Feminista.
A informação de que o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) prepara a criação de um novo ensino técnico nas escolas de São Paulo preocupa os profissionais da autarquia. “Representa uma ameaça para as escolas técnicas”, disse Sirlene.
Presente na audiência, o deputado Eduardo Suplicy (PT) cobrou a presença dos representantes da Secretaria de Educação na audiência pública. “Que eles compareçam aqui e agora para ouvir, porque eles foram convidados”.
O deputado Guilherme Cortez (PSol) também reforçou a luta. “Eu fui formado no Centro Paula Souza, no Bom Retiro”. Ele destacou o papel da Educação na sociedade, executado no dia a dia pelos professores. “A luta dos professores é a mesma luta dos estudantes”.
O professor e vereador em Campinas Paulo Búfalo reforçou a relevância do debate. “Precisamos recolocar o papel que nós temos no desenvolvimento da Educação Pública referenciada no país”, argumentou.
Lucas Gidra, presidente da União Municipal dos Estudantes Secundaristas (UMES), afirmou durante a audiência que o Governo do Estado “se coloca contra o desenvolvimento nacional ao atacar os professores, as Etecs e as Fatecs”. Ele ressaltou a oportunidade de o Ensino Técnico ser o aporte de uma industrialização do Estado com base na ciência, com trabalho e remuneração digna.
Em entrevista ao jornal Hora do Povo, Lucca afirmou que é preciso fortalecer a greve contra os desmandos de Tarcísio.
“Participamos da audiência para falar sobre a greve dos professores do CPS, uma greve que é muito importante porque os professores tão pedindo e exigindo pagamento do bônus e além disso, um novo plano de carreira, para que os professores tenham melhores condições de salário, de renda e também para que a gente incentive mais pessoas a serem professores. Além disso é importante a audiência para discutir o papel do ensino técnico na importância do desenvolvimento do nosso país, nesse momento que a gente precisa se reindustrializar e com isso, precisamos mudar o Brasil para colocá-lo no trilho do desenvolvimento e a valorização do ensino técnico e dos profissionais que ministram as aulas para formação dos jovens técnicos é fundamental”, disse.
“Agora estamos indo pra greve, lutar em defesa do ensino contra também o que Tarcísio de Freitas quer fazer, que é desmantelar o CPS e colocar o estado para oferecer o ensino técnico através de itinerário dentro da escola estadual, ou seja, oferecendo itinerário de má qualidade e a gente vai se mobilizar contra isso em defesa dos professores. Estaremos juntos com os professores, pois essa luta também é nossa”, afirmou Lucca.
GOVERNO NÃO QUER DIALOGAR
Luís Henrique, representante da Associação dos Trabalhadores do Centro Paula Souza evidenciou o ensino Paula Souza, referência na formação profissional na América Latina, porém ressalta que essa excelência não se reflete na valorização dos profissionais. “Estamos em greve porque não tem diálogo. Nós temos uma superintendência que se coloca na postura de gestão democrática, porém não dialoga com a categoria”, concluiu.
A professora Sirlene Maciel, da Bancada Feminista, destacou que irá encaminhar um documento junto com as imagens da audiência pública e uma carta dos professores e educadores para a Secretaria de Educação e de Ciência e Tecnologia, para a superintendência do Centro Paula Souza e para o Governo do Estado de São Paulo, além disso foi sugerida a realização de uma petição ao Ministério Público.