Milhares de estudantes participaram do ato na Avenida Paulista. “Tarcísio de Freitas: inimigo do povo e da educação!”, entoaram
Estudantes da capital paulista realizaram um novo ato nesta quarta-feira (14), em repúdio aos ataques do governo Tarcísio de Freitas à Educação Pública de São Paulo. O protesto que ocupou a Avenida Paulista foi convocado pela União Municipal dos Estudantes Secundaristas (UMES) e é parte das celebrações do Dia do Estudante – 11 de Agosto e repudiou a tentativa do governo paulista de implementar a famigerada militarização das escolas e o corte de R$ 10 bilhões no orçamento da Educação de São Paulo.
“Estamos nas ruas para dizer que o governador que tem preguiça de governar para o povo demonstrou ser um verdadeiro inimigo do povo e da educação pública”, disse a presidente da UMES, Valentina Macedo, durante o ato que reuniu estudantes de toda a cidade.
Mesmo com o frio que atingiu a cidade e uma pane na linha 3 – Vermelha do Metrô que dificultou a participação dos estudantes, os manifestantes demonstraram nas ruas o seu repúdio à política destrutiva de Tarcísio e Feder contra São Paulo. O protesto seguiu ao longo da Avenida Paulista em direção à Assembleia Legislativa de São Paulo (ALESP), onde deputados debatem o projeto de iniciativa do governo estadual de desviar 5% do orçamento da Educação para outros gastos.
“Com uma gestão marcada pela preguiça de governar e pela privatização desenfreada, o governador já privatizou a Sabesp e agora mira o Metrô e a CPTM. Junto com seu secretário da Educação, Renato Feder, Tarcísio tenta militarizar escolas e privatizar sua gestão, enquanto planeja um corte criminoso de R$ 10 bilhões na educação do Estado”, denunciou a entidade.
“Tarcísio de Freitas é inimigo do povo de São Paulo e dos que tem compromisso com a Educação. Ele quer transformar a Educação em uma mercadoria que possa vender e “bater metas”, pressionando ainda mais as direções e os professores e afetando diretamente a formação dos alunos. Um exemplo claro é a avalanche de plataformas digitais que o governo obriga professores a utilizar em suas aulas, enchendo o bolso de empresários que lucram com seus aplicativos, enquanto as estruturas básicas das escolas estão em ruínas”, denunciou Valentina.
A União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), União Paulista do Estudantes Secundaristas (UPES), União Nacional dos Estudantes (UNE), além de sindicalistas e professores também participaram do ato da Avenida Paulista.
LUTA DE UM PAÍS INTEIRO
O presidente da UBES, Hugo Silva, destacou que a luta dos estudantes de São Paulo é parte de um movimento de resistência contra os retrocessos na Educação em todo o país. “Essa é uma luta que não é só localizada no estado de São Paulo. Nós vemos que o Tarcísio tem espalhado essa ideia de militarizar as escolas, de sucatear a educação ao longo do país. E a gente tem se organizado, tem se mobilizado para barrar isso no Brasil inteiro. Nós somos a geração que derrotou o governo Bolsonaro, e eu tenho certeza que nós seremos a geração que vamos derrotar esse fascismo que ainda está entranhado nos estados, mas como principal arma vamos defender a escola pública, que é a principal ferramenta de combate à desigualdade social, mas também de politização desses estudantes”, disse Hugo.
“Ele explicou que além de São Paulo, também se detectam movimentos de destruição da escola pública no Paraná, com Ratinho Junior, em Pernambuco, com a governadora Raquel Lyra, em Goiás, com o governador Caiado, e no Rio de Janeiro com Claudio Castro. Todos com a mesma ideia, que é acabar com a escola pública, acabar com a nossa entrada na universidade, é nossa luta para derrotar esse projeto na veia, no estado, no dia a dia da luta”, criticou.
ESCOLA É LUGAR DE DEMOCRACIA
O professor Cláudio Fonseca, presidente licenciado do Sindicato dos Professores da capital paulista (Sinpeem), se solidarizou à luta dos estudantes.
“Defendemos uma educação pública, gratuita, de qualidade, com gestão pública, sem militarização das escolas, porque as escolas têm que ser espaços democráticos para educar, para ensinar e para aprender”, destacou.
“O governador do estado de São Paulo, que defende esse projeto, diz que precisa garantir segurança nas escolas, que precisa ter disciplina nas escolas, precisa saber o que está acontecendo. Que segurança, que disciplina, que qualidade de educação vai acontecer com a militarização? Uma educação de qualidade vai se dar com respeito aos professores, com melhoria das condições de vida e trabalho dos professores, por equipar as escolas, por construir mais escolas, por garantir escolas técnicas federais aqui na cidade de São Paulo, por ampliar a quantidade de vagas nas universidades públicas, só assim para garantir educação de qualidade a todos e a todas da creche à universidade. E é assim que deve ser!”, destacou o sindicalista, que é pré-candidato a vereador de São Paulo.
O governo de Tarcísio aprovou o projeto das escolas cívico-militares de forma autoritária, reprimindo e prendendo estudantes que se manifestaram contra. Esta postura revela o desejo de um governo que busca coagir estudantes e restringir a liberdade democrática, enquanto desmantela a educação pública. No início do mês, uma liminar concedida pela Justiça de São Paulo suspendeu o processo de militarização até que o STF debata a constitucionalidade do tema. Entretanto, a sanha destrutiva de Tarcísio tenta a todo custo manter o projeto.
DEFESA DA ESCOLA PÚBLICA
O presidente do Sindicato dos Professores do Estado (APEOESP), Fábio Santos de Moraes, destacou a importância da resistência estudantil aos retrocessos de Tarcísio.
“Estamos aqui apoiando os estudantes, porque esse governo do Tarcísio, desde o primeiro dia, ele ataca a educação de todas as formas, e a gente tem lutado muito, junto aos estudantes para poder defender a educação, para defender os recursos da educação, para defender a escola pública, e a gente está aqui hoje para dizer isso aos estudantes”, disse Fábio.
Ele também comemorou a suspensão das escolas cívico-militares em São Paulo. “Nós tivemos uma conquista muito importante na semana passada. A APEOESP conseguiu uma liminar, suspendendo a implementação da escola cívico-militar, que é uma das pautas colocadas aqui hoje, porque nós vamos continuar esse debate com toda a sociedade para defender uma escola inclusiva, gratuita, de qualidade”, destacou.
“Hoje é um dia muito bacana de movimentação aqui em São Paulo, mas hoje também tem uma movimentação no Brasil inteiro. Da CNTE, que é a nossa confederação, pelo piso salarial dos professores, que São Paulo não paga. Então, nós estamos juntando essas vozes, e também essa voz tão importante, que é do estudante, é para a gente fortalecer nossa bandeira. É professor, funcionário, gestor, estudantes e pais unidos para proteger a escola pública”, completou.