
Nesta quarta, às entidades estudantis deverão realizar uma série de atos pela revogação da reforma do Ensino Médio que reduziu as disciplinas obrigatórias e abriu mão da qualidade nas escolas públicas.
Além da revogação imediata a reforma do Ensino Médio, os estudantes também exigem mais investimento na educação, reforma nas escolas e ETECs, pelo fim das aulas vagas e por paz e segurança nas escolas. Em São Paulo, o ato será realizado na Avenida Paulista, a partir das 8 da manhã.
“É necessário uma forte política de investimento na educação e de permanência estudantil, não adianta mudar o modelo educacional e os estudantes continuarem sofrendo com evasão escolar, com escolas que chovem mais dentro do que fora, com falta de estruturas, sem laboratórios de ciências, sem teatros, sem quadras, sem formação e valorização adequada dos professores e com aula vaga!”, defendem a União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (UMES), a União Paulista dos Estudantes Secundaristas (UPES) e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) na convocatória do ato.

REFORMA NEOLIBERAL
Em plenária no último sábado (16) a União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (UMES SP) aprovou o documento “Pela revogação do ‘Novo Ensino Médio’ – Por uma Educação a serviço do Brasil e do povo brasileiro”, uma análise sobre os impactos da reforma neoliberal na qualidade da escola pública.
O documento aponta os pontos fundamentais do porque é preciso revogar a reforma, implementada nos governos de Temer e Bolsonaro. “Por uma Educação a serviço do Brasil e do povo brasileiro […], A reforma do ensino médio tem por objetivo aprofundar as desigualdades educacionais para manter as desigualdades sociais. Nela, a juventude não tem vez, nem liberdade. Os jovens se distanciam dos seus sonhos de entrar numa universidade, ter um trabalho digno e sair da violência e das más condições de vida que se encontra”, afirma a UMES.
“A reforma é complementar a esse grande avanço do projeto ultraneoliberal que nosso país tem passado. É o complemento ideológico desse projeto. De fazer valer na sociedade, de forma mais forte, a ideia de que a desigualdade precisa existir, de que uns são melhores que os outros. Se alguém vive na miséria, foi porque não foi brilhante o suficiente para elaborar e cumprir seu “projeto de vida”, a ideia da meritocracia, do individualismo, da competição e da eliminação. Da ideologia que busca culpabilizar os pobres pela própria pobreza: assim pretendem tirar a responsabilidade do Estado na formação do estudante e colocar a responsabilidade unicamente nele”, continua a entidade.
Os estudantes têm se queixado de como o NEM foi implementado, ocasionando muitas aulas vagas, evidenciando os problemas estruturais das escolas, falta de equipamentos públicos e necessários para a realização das aulas, falta de professores e uma baixa remuneração para o exercício da profissão.
“Problemas de aulas vagas, falta de capacitação dos professores, salários pouco atrativos, escolas com péssimas estruturas onde chove mais dentro do que fora, onde os professores contam com escassos materiais para darem aulas, e escolas carecem de quadras, laboratórios de ciência e de informática, auditórios, teatros e salas de vídeo. Os alunos estão dentro de uma escola onde não há incentivo à cultura, nem esporte, nem à ciência e pesquisa, onde não há amparo ao jovem tanto em sua saúde física quanto emocional, escolas que reproduzem a violência encontrada dentro da sociedade, onde a juventude sai sem saber o básico de português e matemática, com muitas dificuldades de encontrar um emprego ou entrar na faculdade”, continua.
A entidade entra na discussão da falta de planejamento e implementação dos itinerários, pouco atrativos e tirando matérias essenciais na formação para vida, prejudicando toda uma leva de estudantes.
“Os itinerários formativos são o eixo central da reforma. Neles estão presentes as aulas de projeto de vida e os aprofundamentos curriculares, que são as “matérias” que os alunos “escolhem” a partir do segundo ano. Esses itinerários passam cada vez mais a ocupar espaço dentro das grades horárias, aqui em São Paulo, no terceiro ano do Ensino Médio, 60% das aulas já são reservadas para esses itinerários”.
“Assim, as matérias consideradas “comuns” desaparecem. Dependendo do ano, os alunos acabam ficando sem aula de História, Geografia, Filosofia, Química, Física, Biologia, Sociologia, Educação Física e Inglês, pois não são obrigatórias nos três anos. Mas nem as matérias de Português e Matemática conseguem passar desses cortes, apesar de serem obrigatórias. No terceiro ano já se encontram de forma bem reduzida, com os alunos tendo somente duas aulas por semana de cada, quando antes eram cinco. Tudo isso substituído pelos itinerários, pelos projetos de vida e pelos aprofundamentos curriculares”.
Veja a íntegra do documento: