A Secretaria de Estado da Saúde (SES) estima que 40% da população do Maranhão tenha contraído o novo coronavírus (Covid-19) desde o início da pandemia. Os dados são resultados do inquérito sorológico realizado com a Universidade Federal do Maranhão (UFMA) em parceria com o Laboratório Central do Maranhão (LACEN), divulgados em coletiva na última terça-feira (25).
Os resultados apontam que 2.877.454 de pessoas que vivem no estado tenham contraído a doença e possuem a prevalência de anticorpos contra o vírus SARS-CoV-2.
O número divulgado é 19 vezes maior que o número atual de casos notificados no estado, que chegou a 144.895 infectados na segunda-feira (24).
O inquérito também estima que 5.026 pessoas tenham morrido por alguma complicação em decorrência da Covid-19 no Maranhão. Os dados representam 1.661 casos a mais dos números que foram registrados até último boletim epidemiológico no estado, que até o momento, é de 3.365 mortes.
A taxa de letalidade da Covid-19 chega a 0,17%. A secretaria afirma que os óbitos estimados levam em consideração o atraso na notificação e supondo 15% de subregistro de causa de morte como Covid-19.
De acordo com o secretário estadual de Saúde, Carlos Lula, a estimativa do inquérito leva o Maranhão a ter, possivelmente, a maior a prevalência de casos do mundo por estado.
“Três milhões de maranhenses tiveram a doença, no modelo de estimativa. Isso, em termos de estudos, é a maior prevalência do mundo, provavelmente, em termos de estado. Isso vai ter uma série de consequências”, disse.
Segundo ele, mesmo com parte da população apresentando anticorpos contra a Covid-19, o resultado do estudo não indica imunidade coletiva.
“Nesta fase já não se pode falar em imunidade de rebanho. Já temos conhecimento de um caso em Hong Kong de reinfecção, também soubemos de situações semelhantes na Bélgica e na Holanda. Devemos ter cuidados com esses casos de reinfecção, não quer dizer que haverá reinfecção de todos os casos, mas é possível, por isso não poderemos nos descuidar sobre as medidas de prevenção, distanciamento social, uso de máscaras”, disse o secretário.
BAIXA LETALIDADE
O professor do Departamento de Saúde Pública da UFMA, Antônio Augusto Moura da Silva, afirma que o resultado do inquérito foi surpreendente para as autoridades de saúde no estado.
“O método que a gente usou, que foi a coleta de sangue, permite identificar uma quantidade muito maior de pessoas. E essa prevalência alta, que foi uma grande surpresa para nós, talvez não ocorra só aqui no Maranhão”, explicou.
“Para calcularmos a letalidade corretamente, o numerador precisa ser o número de óbitos e o denominador precisa ser o número de infecções e a gente só consegue estimar isso, com o estudo populacional de soro prevalência. Calculamos pelo número de óbitos que ocorreram até o dia 8 de agosto, último dia de coleta da pesquisa. A taxa foi de um óbito para cada mil infectados e se levarmos em conta o atraso de notificação e o sub registro essa letalidade vai ser no máximo 2 a cada mil. E continua sendo uma das mais baixas do mundo”, avaliou o coordenador geral.
METODOLOGIA
Ao todo, foram realizadas 3.289 entrevistas com coleta de 3.159 amostras de sangue em 69 municípios maranhenses, entre os dias 27 de julho a 7 de agosto. A pesquisa também contou com uma entrevista com perguntas socioeconômicas e de saúde, realizadas por meio de um aplicativo desenvolvido por universitários da UFMA.
A pesquisa afirma que a maior parte dos infectados pelo coronavírus no estado vive em municípios considerados de médio porte, ou seja, que possuem entre 20 a 100 mil habitantes. Um exemplo é a cidade de Balsas, que há duas semanas alcançou a ocupação máxima de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para a doença.
Municípios da Grande Ilha (São Luís, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa): 38,9%. Municípios de grande porte (mais de 100 mil habitantes): 35,2%. Municípios de médio porte (20 a 100 mil habitantes): 47,6%. Municípios de pequeno porte (menos de 20 mil habitantes): 31%.
Mais da metade dos pacientes infectados apresentou ao menos um dos sintomas da doença. Entre os mais comuns apontados pelo estudo, está a perda de olfato e paladar. Em seguida, aparecem os pacientes assintomáticos (sem sintomas) e os oligossintomáticos, que apresentam ao menos um sintoma de infecção pelo novo coronavírus.
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