Segundo estudo do instituto Trata Brasil, com base nos dados mais recentes do Sistema Nacional sobre o Saneamento (SNIS), divulgado na última quarta-feira (18), apenas 45% de todo o esgoto gerado no país passa por tratamento.
Os outros 55%, que correspondem a 5,2 bilhões de metros cúbicos por ano, são despejados diretamente na natureza. Esse valor equivale a 5,7 mil piscinas olímpicas de esgoto por dia.
De acordo com os números da pesquisa, apesar de ter crescido, o avanço do saneamento no país nos últimos anos, foi pouco, quase inexistente.
Em 2016, 83,3% da população possuía água potável em suas casas, o que quer dizer que os outros 16,7%, ou 35 milhões de brasileiros, não tinham acesso. Em 2011, o índice de atendimento era de 82,4%. Em 5 anos, a evolução foi de apenas 0,9 ponto percentual. Sobre a coleta de esgoto, 48,1% tinha acesso ao serviço em 2011. Em 2016, esse número subiu para 51,9 %, um avanço de apenas 3,8 pontos percentuais. Mais de 100 milhões de pessoas utilizam medidas alternativas para despejar os dejetos.
Nos registros históricos, os números de saneamento de esgoto sempre foram piores que os de água no Brasil por conta, principalmente, da falta de compromisso dos governantes nas políticas públicas, além da falta de investimento nas obras, valorização dos funcionários e investimentos em novas tecnologias. Sendo assim, apesar do acesso ao tratamento apresentar um leve aumento nos indicadores, na prática continua uma situação precária.
“No caso do tratamento de esgoto, houve pouco mais de um ponto percentual de alta por ano. Se considerarmos que não chegamos nem nos 50% de atendimento, estamos falando de mais de 50 anos [para universalizar]. Isso é inaceitável. É muito tempo para ter essa estrutura tão essencial, que é a do saneamento”, diz Édison Carlos, presidente executivo do instituto.
A diminuição nos investimentos públicos é um dos motivos para os avanços pouco significativos no setor. De 2015 para 2016, os investimentos em água e esgoto no país caíram de R$ 13,26 bilhões para R$ 11,51 bilhões. Já entre as maiores cidades, o valor caiu de R$ 7,11 bilhões para R$ 6,6 bilhões.
O estudo ainda aponta que menos de um quarto dos recursos arrecadados com saneamento foi reinvestido no setor. Outro fator crucial para a estagnação no crescimento do serviço são os esquemas de corrupção em torno do assunto.
Durante uma comissão, na cúpula da Organização das Nações Unidas (ONU), em 2015, o Brasil se comprometeu a universalizar o acesso a água potável, saneamento e higiene, até 2030. Porém, esse ritmo lento de crescimento vai em contradição às metas assumidas pelo país.