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Presença de sintomas está em 91% dos infectados o que, segundo Pedro Hallal, reitor da UFPEL e coordenador do estudo, facilita a criação de protocolos de vigilância epidemiológica para a identificação de pessoas sintomáticas e, com isso, impedir a disseminação da doença
A primeira conclusão do estudo populacional, realizado pela Universidade Federal de Pelotas, e que completou sua terceira e última fase na quinta-feira (02), é que a velocidade da expansão da epidemia de coronavírus no Brasil está em desaceleração.
Na primeira fase da pesquisa, realizada em maio, a presença do vírus era detectada em 1,9% da população. Um mês depois, esse índice foi para 3,1%. Um crescimento de 53%.
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Nesta época, o coordenador do estudo, professor Pedro Hallal, reitor da Universidade Federal de Pelotas, chegou a comparar a situação da pandemia no país a uma corrida de fórmula um, dizendo que, naquele momento, o Brasil parecia estar com o carro mais veloz na pista.
RITMO DESACELERA
Os resultados da terceira fase mostram um índice de 3,8% da população infectada. Nitidamente houve uma desaceleração no ritmo de transmissão do vírus. Houve um crescimento de 23% entre uma fase e outra.
Um outro dado importante da pesquisa é o percentual de pessoas infectadas que apresentam sintomas. A taxa de pessoas com sintomas chegou a 91% dos entrevistados entre os quase 90 mil avaliados.
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MAIOR NÚMERO DE SINTOMÁTICOS FACILITA O RASTREIO
O professor Pedro Hallal, que em uma entrevista recente ao HP chamou a atenção para a necessidade de busca ativa de casos e rastreio de contactantes, destacou que este dado não significa que 91% da pessoas infectadas precisarão de internação, mas que ele é muito importante para a criação de protocolos de vigilância epidemiológica, para a identificação de pessoas sintomáticas e, com isso, impedir a disseminação da doença.
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O estudo observou também, que a taxa de letalidade da Covid-19 no Brasil está em 1,15%, isto significa que e, cada 100 infectados pelo novo coronavírus, uma pessoa vai a óbito. Segundo Hallal esta taxa está baseada em números reais e não em projeções matemáticas e tem uma grande variação, dependendo de vários fatores como faixa etária, densidade populacional, acesso ao sistema de saúde, etc.
NORTE E NORDESTE FORAM MAIS AFETADOS
As diferenças regionais também são significativas. O número de óbitos na região Norte parece estar se estabilizando. Na região Nordeste, a segunda região mais atingida, ainda não se observa um quadro de estabilização no número de óbitos. Nas demais regiões a taxa de letalidade se mantém baixa.
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O estudo mostrou que não há diferença estatística entre homens e mulheres na incidência da doença e revelou também que as crianças também são infectadas pelo coronavírus na mesma proporção que adultos, mas com quadros clínicos bem menos graves.
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CRIANÇAS SÃO INFECTADAS
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MAIS POBRES SÃO MAIS ATINGIDOS
Outro resultado revelado pelo estudo da UFPEL, quando são analisados os casos em relação ao nível sócio econômico, é que os 20% mais pobres da população têm o dobro da taxa de infecção do que os 20% mais ricos da população. “Uma grande explicação que pode ser dada é a questão da aglomeração, da quantidade de cômodos e número de moradores”, afirmou Pedro Hallal.
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NÚMERO REAL DE CASOS É SEIS VEZES MAIOR
Nas três fases do estudo o número real de pessoas infectadas pelo coronavírus ficou seis vezes maior do que o número detectado oficialmente. “Se multiplicarmos por seis o número de casos notificados nós vamos ter um número muito próximo do número real de infectados no Brasil”, disse o pesquisador.
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TRANSMISSÃO INTRA FAMILIAR
A transmissão intra familiar foi avaliada pela pesquisa. Duas mil e quinhentas pessoas, que moravam na mesma casa de quem deu positivo, foram testadas. Destas, 39% também deram resultado positivo. Esse resultado, segundo Pedro Hallal, difere da literatura internacional. Os estudos internacionais falam em 20%.
GRAU DE ISOLAMENTO
Na avaliação do grau de isolamento social a pesquisa mostrou que da primeira fase para a terceira, houve uma diminuição da adesão da população ao isolamento. Entre as pessoas que saíam de casa diariamente houve um crescimento de 20,2% na primeira fase para 26,2% na última fase. Entre os que sempre ficam em casa houve uma variação de 23,1% na primeira fase para 18,9% na última fase do estudo.
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CONCLUSÕES
A primeira conclusão apresentada por Pedro Hallal em entrevista coletiva foi a necessidade de uso da inteligência epidemiológica para a tomada de decisões.
Ele ressaltou a importância do Brasil ter feito o maior estudo epidemiológico do mundo para a Covid-19.
Hallal chamou a atenção para o fato de existirem várias curvas epidemiológicas no Brasil, a curva nacional e as curvas regionais, por estado e por cidade.
Lembrou o fato do crescimento ter sido forte entre as duas primeiras fases da pesquisa e a sua desaceleração na terceira.
A existência de muito mais sintomáticos leves do que assintomáticos. O que, segundo o coordenador do estudo, facilita a vigilância epidemiológica.
As crianças também são infectadas. Ha mais infecção entre os mais pobres. Um em cada 100 infectados vai a óbito. E, por fim, o estudo confirma que o tamanho da pandemia é seis vezes maior do que os dados oficiais.
SÉRGIO CRUZ