A Rússia advertiu que se os EUA instalarem mísseis terrestres de alcance intermediário na Ásia – como acaba de ser aventado pelo chefe do Pentágono, Mark Esper – irá agir de forma recíproca para conter tal ameaça.
“Se a instalação de novos sistemas dos EUA começar especificamente na Ásia, os passos correspondentes para equilibrar estas ações serão dados por nós na direção de conter estas ameaças”, afirmou o vice-ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Ryabkov, respondendo a um jornalista.
O diplomata acrescentou que a Rússia acredita que em breve o Japão instalará o sistema de lançamento de mísseis norte-americano MK-41 em solo japonês.
“O sistema de lançamento universal MK-41 que surgirá, parece, no Japão também pode ser adaptado para lançar mísseis de cruzeiro de alcance médio… então estes novos sistemas, quando surgirem no Japão, sem dúvida também serão levados em conta durante nosso planejamento correspondente”.
O secretário de Defesa de Trump, e chefe das 800 bases militares dos EUA no mundo inteiro, Esper, se disse favorável à instalação desses mísseis de alcance intermediário na Ásia em um prazo relativamente curto.
O comentário de Esper foi feito no dia seguinte ao término do Tratado INF, com a saída dos EUA, acordo que durante três décadas esteve em vigor, assinado por Reagan e Gorbachev, e que proibia a Washington e Moscou a produção e instalação de mísseis terrestres de alcance entre 500 e 5500 quilômetros.
Como afirmou o presidente Vladimir Putin, não partirá da Rússia a iniciativa de instalar mísseis terrestres de alcance intermediário, e Moscou está disposta a manter uma moratória sobre esses mísseis. Mas, se os EUA os instalarem seja onde for, haverá a devida resposta em reciprocidade. A Rússia, que está na frente dos EUA em matéria de mísseis hipersônicos, também anunciou que não se deixará arrastar para uma corrida armamentista.”Se a Rússia obtiver informações confiáveis de que os Estados Unidos terminaram de desenvolver esses sistemas e começaram a produzi-los, a Rússia não terá outra opção senão se envolver em um esforço em grande escala para desenvolver mísseis similares”, reiterou Putin. A declaração foi feita após reunião do presidente russo com o Conselho de Segurança do país.
Putin insistiu em que é essencial que Moscou e Washington, as maiores potências nucleares do mundo, retomem as negociações de controle de armas para impedir uma corrida armamentista “desenfreada”.
“Para evitar o caos sem regras, restrições ou leis, precisamos mais uma vez avaliar todas as consequências perigosas e lançar um diálogo sério e significativo, livre de qualquer ambiguidade”, completou.
Ao deixar unilateralmente pela segunda vez um tratado estratégico de controle de armas nucleares, os EUA estão prestes a completar o desmantelamento do sistema internacional que preveniu durante décadas a hecatombe nuclear.
O último tratado que resta, o New Start, terminará em fevereiro de 2021, se nada for feito, e o atual conselheiro de segurança nacional do regime Trump, o maníaco de guerra John Bolton, já declarou que não vê a perspectiva de sua renovação. De acordo com o Relógio do Juízo Final, da Federação de Cientistas Americanos, o mundo está a dois minutos para a meia noite do conflito nuclear, situação tão grave quanto no auge da Guerra Fria.
A.P.