
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ordenou nesta quarta-feira(13) a suspensão imediata de todos os voos no país com aviões Boeing 737 MAX 8 e 9, após o acidente que matou 157 pessoas na Etiópia no domingo, envolvendo uma aeronave dessa série. Com a decisão, os EUA reagem ao isolamento internacional, quando mais de 50 países já tinham vetado o uso do modelo da Boeing até o dia anterior – inclusive a União Europeia. China, Indonésia e Etiópia foram os primeiros países a suspender os voos com esse modelo já na segunda-feira (11).
A ordem da Autoridade Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês), antecipada pela Casa Branca, saiu depois que vários pilotos americanos relataram incidentes com os comandos do Boeing 737 MAX 8. Segundo documentos públicos, vários dos incidentes parecem estar relacionados com o sistema de controle destinado a evitar a desestabilização da aeronave, ou seja, um sistema antipane automatizado que empurra o nariz do avião para baixo. A medida vale tanto para o modelo 8 quanto para o 9 – ambos produzidos pela fabricante norte-americana.
Com a decisão, a FAA acatou parcialmente um pedido da Boeing feito pouco antes. Com o preço de suas das ações derretendo na Bolsa, a Boeing mudou de posição e admitiu finalmente que seu avião tinha problema a ser resolvido. A fabricante solicitou então que a FAA recomendasse ao mundo inteiro a interrupção dos voos com o 737 MAX – e não apenas aos EUA. Mesmo repetindo o mantra de que “mantém a confiança na segurança do avião”, a Boeing disse em comunicado que os 737 Max 8 e 9 “ não devem voar enquanto durarem as investigações”. Até a véspera, o governo Trump, a FAA e a Boeing consideravam que não havia razão suficiente para parar os voos com aeronaves desse modelo.
Segundo cálculos da Reuters, existem 371 aeronaves 737 Max 8 e 9 em uso no mundo e dois terços – cerca de 247- já estão no solo em 50 países. É provável que esse cálculo não inclua ainda as unidades em uso nos Estados Unidos.
O Canadá se uniu a essa lista nesta quarta-feira, pouco antes de Trump anunciar a decisão americana. Três companhias aéreas canadenses, Air Canada, WestJet e Sunwing, operam um total de 40 Boeing 737 MAX 8, que agora estão proibidos de usar o espaço aéreo do país.
Na avaliação do presidente da Associação dos Investidores Minoritários do Brasil (Abradin), Aurélio Valporto, “a verdade é que o departamento de projetos da Boeing está velho e ultrapassado, seus projetos não têm condições tecnológicas de concorrer com as novas versões do A320 (produzidos pela Airbus).
O presidente da Abradin alerta ainda para os sérios problemas do Boeing 737-MAX 8, a quarta geração da família 737, “que resultaram não somente numa turbina menos eficiente por conta de problemas de projeto no trem de pouso, mas, aparentemente, problemas eletrônicos e de projeto graves que resultaram em acidentes fatais que resultaram na morte de todos os ocupantes”.