“Os EUA e o bloco militar da Otan têm responsabilidades inescapáveis na crise da Ucrânia”, assinalou a porta-voz do MRE da China
Os Estados Unidos e a Otan “não estão em posição de criticar ou pressionar” Pequim em relação ao conflito na Ucrânia afirmou a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, na quinta-feira (06). Suas palavras vieram em resposta às declarações do secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, de que a China mostra um “alinhamento crescente com a Rússia” ao “recusar-se a condenar” a operação militar de Moscou na Ucrânia, “repetir a propaganda russa” e “apoiar a economia da Rússia”.
“Os EUA e o bloco militar da Otan têm responsabilidades inescapáveis na crise da Ucrânia”, assinalou a diplomata, sublinhando que a China “mantém uma posição objetiva e justa” em relação ao conflito. “Temos defendido uma solução política para a crise e trabalhado para promover as negociações de paz. Isso tem sido apoiado pela grande maioria dos países do mundo”, enfatizou.
“A história dirá quem realmente está do lado certo, defendendo a justiça”, acrescentou a porta-voz.
CHINA SE POSICIONA EM FAVOR DA PAZ
Já o embaixador chinês na Rússia, Zhang Hanhui, observou que Pequim desde o início do conflito ucraniano tomou a iniciativa de um acordo pacífico e não forneceu armas a nenhuma das partes.
“Não foi o lado chinês que criou a crise ucraniana. A China não faz parte dela e não forneceu armas a nenhum dos lados do conflito. O Ocidente não está em condições de dar instruções à China e, mais ainda, não tem autoridade para transferir a responsabilidade sobre ela”, respondeu.
Segundo o embaixador, Pequim “não tem interesses próprios na questão ucraniana… não põe lenha na fogueira, não aproveita o momento para tirar proveito da crise”.
Pelo contrário, as autoridades chinesas têm pedido consistentemente um acordo político desde o início dos combates na Ucrânia, há mais de um ano, destacou. “Continuaremos do lado da paz, do diálogo e da justiça histórica”, afirmou Zhang.
Além disso, o diplomata acrescentou que a posição da Rússia sobre Taiwan fala da ausência de medo do Kremlin diante das grandes potências, que “recorrem à política de força bruta”.
Sobre a questão das relações China-Rússia, o embaixador observou que o presidente Xi Jinping descreveu o fortalecimento dos laços com Moscou como “uma escolha estratégica“ para Pequim durante uma visita à Rússia no mês passado. Xi disse que isso era “baseado em interesses fundamentais e na tendência geral do desenvolvimento mundial”, acrescentando que não poderia ser “mudado ou abalado por eventos momentâneos”.
“A história mostra que as relações sino-russas podem enfrentar os desafios de um ambiente internacional em mudança”, pois os vizinhos encontraram “o caminho da coexistência adequada”, disse o presidente.
Zhang também falou sobre as tentativas de “alguns países” de usar a questão de Taiwan para “ganhar dividendos” em suas relações com a China no contexto da crise ucraniana.
“A essência dos problemas de Taiwan e da Ucrânia é bem diferente. Taiwan é uma parte inalienável da China, e esta questão é puramente um assunto interno do Estado chinês… que não aceita qualquer interferência externa”, explicou o diplomata.
Partes da Ucrânia foram cedidas pela antiga URSS