O número total de menores migrantes presos foi multiplicado por cinco desde maio, saltando de 2.400 para 12.800 em setembro, reconheceu o governo de Donald Trump, cuja administração tem batido sucessivos recordes no encarceramento destas crianças e adolescentes.
Conforme o The New York Times, as cifras continuam crescendo, apesar das centenas de meninos e meninas que, depois de serem abruptamente separados dos pais ao cruzar a fronteira, conseguiram retornar ao seio familiar por ordem judicial.
De acordo com informações do Departamento de Saúde e Direitos Humanos, o enorme incremento de pequenos prisioneiros – alojados em mais de 100 campos de concentração distribuídos por todos os Estados Unidos – não se deve a uma maior afluência de crianças que ingressam no país, mas a uma brusca redução no número dos que são liberados para viver com suas famílias ou amigos. A morosidade proposital no atendimento seria uma das responsáveis pela continuidade da tragédia, penalizando ainda mais as pequenas vítimas e suas famílias, revelaram servidores que trabalham na rede prisional.
Os novos dados divulgados pelo governo mostram que, apesar dos esforços de Trump para desanimar a migração, particularmente a centro-americana, o número de crianças que cruzou a fronteira é praticamente o mesmo dos anos anteriores. A grande diferença, apontaram famílias que já foram encarceradas, é que a burocracia e o temor provocados pela aplicação mais dura da lei de imigração têm se transformado em grave obstáculo para o reencontro, frente ao risco iminente da prisão com repatriação.
Como a violência da repressão tem se refletido na diminuição da capacidade dos presídios infantis de acolherem novos meninos e meninas, o governo federal está investindo na construção de uma “cidade de barracas” provisória em Tornillo, no Texas, para encarcerar 3.800 menores até o fim do ano.
“CIDADE DE BARRACAS”
As organizações defensoras dos imigrantes e parlamentares alertaram que a situação é aterradora, porque as condições nesta “cidade” serão ainda mais duras e superpovoadas do que as deprimentes que vêm sendo utilizados. Na instalação do Texas, alertaram, cada criança custará cerca de UD$ 750 diários, ou três vezes o valor de uma prisão comum.