
A dez dias do início da Assembleia Geral da ONU, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, revogou os vistos do presidente palestino Mahmoud Abbas e de outras 80 autoridades palestinas
A revogação dos vistos ao presidente palestino e a demais indicados na delegação palestina, segundo as agências de notícias, uma medida que viola o tratado que fez de Nova Iorque a sede da ONU e que tenta dificultar a discussão, pelo órgão, como planejado, da Solução dos Dois Estados, frente ao genocídio em curso em Gaza e fome generalizada imposta por bloqueio de Israel.
À Associated Press, um funcionário do Departamento de Estado, que falou sob condição de anonimato – as questões de vistos normalmente são confidenciais -, revelou na sexta-feira (29) que Abbas e outras autoridades da Autoridade Palestina estavam entre os afetados. A negação de vistos também atinge a Organização para a Libertação da Palestina (OLP).
A Autoridade Palestina denunciou a retirada de vistos como uma violação dos compromissos dos EUA como país anfitrião das Nações Unidas e instou o Departamento de Estado a reverter sua decisão.
Em um comunicado, a Autoridade Palestina afirmou que “expressou seu profundo pesar e surpresa” com a decisão sobre o visto, que “contraria o direito internacional e o Acordo de Sede, especialmente porque o Estado da Palestina é um membro observador das Nações Unidas”.
O porta-voz da ONU, Stephane Dujarric, afirmou que o organismo mundial buscará esclarecimentos junto ao Departamento de Estado.
“Obviamente, esperamos que isso seja resolvido”, disse ele. “É importante que todos os Estados-membros e observadores permanentes possam ser representados.”
O embaixador palestino na ONU, Riyad Mansour, disse a repórteres na sexta-feira que Abbas planejava liderar a delegação às reuniões da ONU e que deveria discursar na Assembleia Geral — como faz há muitos anos.
Ele também deveria participar de uma reunião de alto nível co-presidida pela França e pela Arábia Saudita em 22 de setembro sobre uma solução de dois Estados, que prevê que Israel conviva lado a lado com uma Palestina independente.
Já a revogação de vistos foi executada sob a cínica alegação de que são os palestinos que sabotam a paz.
Ainda mais absurdo é a garantia dos vistos à delegação israelense, quando é Israel que está sob investigação da Corte Internacional de Justiça, a pedido da África do Sul, por genocídio, o Tribunal Penal Internacional emitiu mandado de prisão contra o primeiro-ministro Netanyahu, passam de 63 mil os palestinos mortos pelas tropas israelenses, Tel Aviv bloqueou por meses a entrada de sequer uma grama de comida depois de romper o cessar-fogo, com a ONU decretando a existência de fome catastrófica em Gaza.
Segundo a declaração de Rubio, “é do nosso interesse de segurança nacional responsabilizar a OLP e a ANP por não cumprirem seus compromissos e por minar as perspectivas de paz”, em óbvio endosso dos genocidas israelenses, o que se soma ao fornecimento, pelos EUA, das bombas e mísseis que Tel Aviv usa em seus crimes de guerra.
De acordo com o fascista de plantão em Washington, ao apelar à Corte Internacional de Justiça e ao Tribunal Penal Internacional a Autoridade Palestina estaria “tentando contornar as negociações”.
Anteriormente, o próprio Trump exibiu, em sua rede Truth Social, o vídeo da Riviera Sob Cadáveres em Gaza.