Advogados dos agressores tentaram em vão impedir divulgação do vídeo mostrando a atrocidade
Um vídeo divulgado pelo Ministério Público de Dinwiddie, no Estado da Virgínia (EUA), mostra a ação de policiais perpetrando mais um assassinato bárbaro contra um negro. Irvo Otieno, jovem de 28 anos. Ele aparece algemado, sem camisa e com correntes nos tornozelos, sendo conduzido à sala de internação de um hospital psiquiátrico e no caminho é jogado ao chão e asfixiado até a morte.
Parte do vídeo foi publicada na segunda-feira (21) pelo jornal The Washington Post, que teve acesso a 27 minutos do registro da câmera de segurança do Central State Hospital, localizado na cidade de Petersburg.
Durante o registro, até 10 pessoas (policiais e funcionários do hospital) o seguram sobre o piso, enquanto outras observam a cena. Pela pressão que a população fez, os agressores foram presos e acusados de homicídio. Outras pessoas foram indiciadas e levadas sob custódia na última semana. Os policiais acusados foram colocados em licença administrativa, e a delegacia da cidade informa que está conduzindo uma investigação sobre o caso.
Otieno havia sido preso sendo identificado como o possível autor de um roubo três dias antes de sua morte, em 3 de março, perto de sua casa, devido a uma crise decorrente do agravamento de sua saúde mental. O homem foi levado a uma clínica para avaliação de saúde e posteriormente transferido para uma prisão, supostamente por se tornar agressivo.
MALTRATADO NA PRISÃO
Segundo a rádio NPR, os advogados de sua família disseram que Irvo estava calmo e questionaram por que ele não foi autorizado a permanecer hospitalizado. Os agentes policiais argumentam que Otieno havia agredido fisicamente um policial, razão pela qual acabou na prisão sob a acusação de agressão, conduta desordeira em um hospital e vandalismo. Ele permaneceu atrás das grades no fim de semana até ser transferido para o centro de saúde onde morreu. Sua defesa também alega que ele foi maltratado durante sua detenção.
O advogado da família da vítima, Mark Krudys, afirmou que a mãe de Otieno implorou para que os policiais não o tratassem com agressividade no dia em que foi levado.
Krudys afirmou que a vítima tomava medicamentos para tratamento psiquiátrico e estava em uma crise quando detido. “Em vez disso, ele foi jogado no sistema de justiça criminal e tratado agressivamente e maltratado na prisão”, disse Krudys à CNN.
Um relatório preliminar de médicos legistas afirmou que Otieno morreu de asfixia. Promotores que coletam evidências para o caso haviam sido informados de que ele foi contido fisicamente durante a transferência porque era “combativo”.
OS RÉUS TENTARAM BLOQUEAR O VÍDEO DA AGRESSÃO
Os advogados de dois dos réus tentaram bloquear a divulgação do vídeo sob o argumento de que divulgar provas ou dar declarações à mídia influencia a opinião popular para um possível júri no futuro.
Familiares e advogados de Irvo Otieno tiveram acesso ao vídeo na semana passada, e exigiram aos promotores que o divulgassem publicamente. O circuito de segurança do centro médico, no entanto, não continha som, e, portanto, não se sabe ao certo o que foi dito pelos envolvidos durante o crime.
Irvo Otieno nasceu no Quênia e migrou para os EUA aos 4 anos de idade. Ele tinha o sonho de se tornar um artista de hip hop.
O episódio é mais um dos atos de violência policial nos EUA que lembram o assassinato de George Floyd, que morreu asfixiado em 2020 após ter o pescoço prensado contra o chão por um policial em Mineápolis, Minnesota. Sua morte desencadeou uma série de protestos nos EUA e no mundo contra a violência policial e o racismo.
Veja o vídeo do assassinato: