
Bolsonaro e sua trupe quer o Judiciário tutelado por Washington. Entidade destaca que eventual ação contra Alexandre de Moraes seria “manobra e tentativa de pressão política sem precedente na história moderna das civilizações”
O bolsonarismo tem escalado cotidianamente a crise política brasileira. Diante disso, o CNDH (Conselho Nacional de Direitos Humanos) publicou nota pública na última segunda-feira (26), em que afirmou que possíveis sanções dos Estados Unidos contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), constituem “grave afronta à soberania do Estado brasileiro”.
A entidade também pediu que as autoridades estadunidenses “encerrem imediatamente” qualquer estudo institucional para aplicação das “abusivas medidas” contra o ministro.
Todavia, é bom que diga, essa possível ação não atingirá apenas e tão somente Moraes, mas toda a Corte. E mais: atingirá o Poder Judiciário brasileiro, que passará a ser tutelado pelo governo de Donald Trump.
Daí em diante, se isso ocorrer e não houver ação adequada e à altura, do Estado brasileiro, o Brasil, e os poderes republicanos passarão a ser dirigidos não mais de e por Brasília, mas tutelados por Washington. É o que pretende Bolsonaro e sua trupe.
ALVO DE SANÇÕES
O posicionamento foi motivado pela declaração do secretário de Estado estadunidense, Marco Rubio, que disse, na última quarta-feira (21), que “há grande possibilidade” do ministro ser alvo de sanções por parte do governo de Donald Trump.
“Sobre tais fatos, primeiramente, o CNDH entende que tais estudos e análise por parte de instâncias e instituições estadunidenses, constitui grave afronta à soberania do Estado brasileiro, usando uma via transversa e ilegal no campo das relações internacionais, ameaçando e atacando uma autoridade da Suprema Corte Constitucional no Brasil, sem precedente na história moderna das civilizações”, está escrito em trecho da nota pública do CNDH.
RÉU NA SUPREMA CORTE
A entidade representativa também destaca que os parlamentares estadunidenses atribuem a Moraes suposta perseguição contra apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) e mencionam que o ex-presidente é réu na Suprema Corte por tentativa de golpe de Estado.
O governo Trump, em particular o secretário de Estado Marco Rubio, tem sido assediado pelos bolsonaristas, a fim de que ele, por meio Lei Global Magnitsky, embarace o ministro, com o propósito de coagi-lo e fazê-lo recuar no processo que corre no Supremo, onde o ex-presidente é réu.
O fato está claro como a água é cristalina. Ou seja, isso chama-se “coação no curso do processo”, envolvendo o ex-presidente e também o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que se autoexilou nos Estados Unidos para cumprir esse papel, em nome do pai dele, já que é financiado pelo ex-presidente, e do bolsonarismo.
ABANDONO DO MANDATO PARLAMENTAR
Eduardo Bolsonaro abriu mão do mandato parlamentar para conspirar, nos EUA, contra o Brasil. Ele faz isso o tempo todo.
Por essa razão, o líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (RJ), apresentou, nesta terça-feira (27), ao Conselho de Ética da Casa a representação anteriormente anunciada contra o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), em que pede a cassação do mandato de Eduardo.
O documento também é assinado pelo presidente do partido, senador Humberto Costa (PE).
A iniciativa ocorreu após o ministro Alexandre de Moraes ter autorizado a abertura de inquérito contra o parlamentar, atendendo a pedido da PGR.
MOVIMENTOS DO GOVERNO
No primeiro movimento do governo Lula (PT) após a abertura do inquérito contra Eduardo Bolsonaro pelo STF, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), disse, na última terça (26), que a decisão mostra que o Brasil é “soberano”.
O inquérito foi instaurado a pedido da PGR.
“A PGR e o STF estão comprovando que o Brasil é um País soberano, onde os cidadãos se submetem às leis e não a ameaças e pressões vindas do estrangeiro”, afirmou a ministra.
Por meio do X, Gleisi criticou a busca de Eduardo Bolsonaro por apoio político das autoridades estadunidenses, e acusou o deputado do PL de estar “conspirando com a extrema-direita” dos EUA contra o Brasil.
M. V.