Uma lista mais atualizada das crianças brasileiras que foram separadas na fronteira das famílias pela iníqua política de ‘tolerância zero’ do governo Trump praticamente multiplicou por seis o número de vítimas, para 49. Só num abrigo em Chicago, há 21 crianças brasileiras. A lista, compilada pelo Departamento de Saúde americano, é no entanto bastante imprecisa, pois não inclui o nome das crianças, idades e nem sequer a localização dos abrigos para onde foram levados.
O caso mais conhecido de uma criança brasileira atingida pela crueldade da política de Trump, que trata os imigrantes ilegais como caso de polícia, prende quem atravessar a fronteira sem documentos e separa as famílias, é o do neto de Maria Bastos, de 16 anos, que é autista e epilético. Foi tirado dela e levado para um abrigo a 3.500 quilômetros de distância.
Separação ainda mais absurda porque a avó atravessou a fronteira e pediu formalmente asilo, solicitação inicialmente admitida, para afinal ser ela detida e separada dele. No relato do advogado que acompanha o caso, Eduardo Beckett, “ele liga para ela e chora, perguntando quando irá voltar”. É um telefonema por semana, no sábado.
Até o início da semana, o número de casos de crianças separadas dos familiares de conhecimento do consulado brasileiro em Houston era de nove. Como descreveu o cônsul-geral adjunto, Felipe Costi Santa Rosa, antes de Trump eram só dois ou três por ano. As crianças têm entre 6 e 17 anos, e alguns são irmãos.
De acordo com essas parcas informações dadas pelas autoridades norte-americanas, há crianças brasileiras em abrigos em Michigan, Califórnia e Arizona, enquanto as mães foram encarceradas no Texas ou Novo México. O trabalho do consulado é apoiar as mães e parentes para que possam entrar em contato com os filhos, cujo paradeiro desconhecem.
Até aqui, nenhuma família voltou a se reunir. Detida há dez meses, a avó Maria segue esperando a decisão sobre seu pedido de asilo e o reencontro com o neto. Para o órgão responsável pelos abrigos, o garoto está tendo “muitas dificuldades em seu novo ambiente” – e que ambiente, pelo que foi visto nas fotos que assombram a consciência do mundo. Os que o mantêm cativo admitem que “a presença da avó seria benéfica”, mas não se sabe quando virá uma definição.
As mães brasileiras chegavam a ficar semanas sem notícias dos filhos, o que só começou a mudar com a ajuda do consulado. Outro caso que precisa de solução é o do garoto que está prestes a completar 18 anos, o que faria com que fosse transferido do abrigo de menores para um centro de detenção de imigrantes.