Após a matéria-denúncia de Seymour Hersh sobre a participação dos Estados Unidos na explosão, a ex-ministra do Exterior obsevou que nos círculos de Washington se falava exaustivamente sobre “impedir o Nord Stream 2 de entrar em operação”
Karin Kneissl, ex-ministra austríaca das Relações Exteriores (2017-2019), afirmou que os EUA “ganharam mais do que ninguém” com a explosão dos gasodutos Nord Stream.
Comentando o recente artigo do jornalista investigativo norte-americano Seymour Hersh* sobre o envolvimento de mergulhadores da Marinha dos EUA na explosão dos gasodutos, Kneissl declarou à Agência RT que tudo o que ouviu de seus colegas americanos desde 2018 “foi sobre garantir que o Nord Stream 2, que ainda estava sob construção na época, nunca entrasse em operação.”
“Vimos então todos os obstáculos que foram criados […], razão pela qual a construção demorou muito mais do que o previsto”, assinalou. “O que estamos vendo agora é que, com o oleoduto já destruído, os EUA podem ter certeza de que não entrará em operação no futuro próximo, apesar da Gazprom [empresa russa, maior exportadora de gás natural do mundo] ter anunciado que estaria disposta a consertar as partes destruídas. Por isso acho que o Os EUA ganharam mais [do que qualquer um]”, manifestou Kneissl.
A ex-ministra disse que, nesse contexto, o acontecimento lhe faz lembrar uma história de Agatha Christie em que “há muitos suspeitos na sala”, acrescentando que se especulou que a Polônia, a Ucrânia ou o Reino Unido poderiam estar por trás da sabotagem dos oleodutos.
“Um dos elementos particularmente interessantes das revelações de Seymour Hersh é que, na verdade, todos aqueles que eram suspeitos na sala estão de alguma forma envolvidos. Um cedeu o território, outro fez o botão do controle remoto [dos explosivos], outros observaram… Por isso não é um perpetrador, é um grupo de perpetradores”, disse a ex-chanceler austríaca.
O ARTIGO DE SEYMOUR HERSH
De acordo com Seymour Hersh, a decisão de sabotar os gasodutos foi tomada pelos EUA em dezembro de 2021. Os explosivos foram colocados em junho de 2022 por mergulhadores, usando como cobertura as manobras anuais da OTAN no Báltico, coincidentemente ao largo da ilha de Bornholm. Coube a um avião de vigilância P8 norueguês lançar no local uma boia de sonar em 22 de setembro, que acionou as explosões horas depois. No dia 7 de fevereiro, Biden havia garantido que os EUA iriam “eliminar o Nord Stream”.