Na primeira iniciativa concreta europeia para proteger o acordo nuclear com o Irã (Jcpoa), a União Europeia criou o sistema de pagamentos INSTEX, que irá nesse primeiro momento permitir a compra de itens humanitários pelo Irã em euros, sem passar pelos canais de pagamento controlados por Washington em dólar. O sistema terá sede em Paris, será coordenado pelos alemães e os ingleses irão presidir o Conselho de Supervisão.
“É um primeiro passo dado pelo lado europeu … Esperamos que abranja todos os bens e itens”, disse o vice-ministro iraniano de Relações Exteriores Abbas Araqchi à TV estatal na quinta-feira, após declaração a respeito da chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini.
Embora os chamados itens humanitários – alimentos, medicamentos e equipamentos médicos – nominalmente não estejam incluídos nas sanções de Trump, muitas empresas farmacêuticas e agrícolas europeias deixaram de negociar com o Irã por temerem sanções secundárias ou irem parar nas listas negras de Washington.
Para manter o acordo, que foi assinado em 2015 pelos EUA, França, Grã-Bretanha, Rússia e China – estes os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança – mais Alemanha, com o Irã, e foi unilateralmente rasgado por Trump, os europeus haviam assumido o compromisso de criar um mecanismo de pagamento independente de Washington, para manter o comércio com Teerã, particularmente dos itens mais básicos ao petróleo.
AIEA E DAN COATS
A afirmação da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que realiza no Irã o mais rigoroso processo de monitoramento de atividade nuclear do planeta e atesta que o Irã cumpre o acordo, acaba de receber o inesperado endosso do principal responsável pela inteligência dos EUA, Dan Coats.
Em depoimento no Senado dos EUA, Coats afirmou que Teerã “não está empreendendo atualmente atividades-chaves que julgamos necessárias para produzir um dispositivo [arma] nuclear”. Ele acrescentou que o Irã pode “retomar essas atividades” se “não colher benefícios tangíveis de comércio e investimento que espera do acordo nuclear’ – aquele que Trump rompeu, apesar da assinatura do antecessor Obama.
A declaração deixou iracundo o presidente bilionário, que correu a tuitar que o pessoal da Inteligência parece ser “extremamente passivo e ingênuo” quando se trata dos “perigos do Irã”. “Talvez a Inteligência deva voltar para a escola”.
Os europeus fazendo acordos com o Irã e depois não venham chorar… A Europa continua a mesma, sempre na contramão de fazer a coisa certa.
Você acha mesmo que a coisa certa é puxar o saco do Netanyahu e do Trump?