Manifestações de rechaço aos aumentos nas tarifas acontecem em Viena, Praga, Nápoles e Leipzig, entre outras cidades europeias
Europeus tomaram as ruas do continente para protestar contra o aumento das tarifas da energia, o alto custo de vida e a alta inflação agravada pelas “sanções suicidas” de seus governos à Rússia. Os índices de reajuste da energia são estratosféricos, condenaram, citando alguns absurdos dos últimos doze meses: 142,6% na Turquia, 57% no Reino Unido, 50,7% na Grécia, 41% na Espanha e 36,2% na Alemanha.
Em Viena, capital da Áustria (47,2% de aumento), milhares de manifestantes exigiram sábado (9) um basta à política de sanções e condenaram as ações da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), liderada pelos Estados Unidos, por provocar conflitos e piorar a situação de segurança do continente.
A elevação dos preços da eletricidade na Europa está fomentando protestos e a situação está se deteriorando rapidamente, admitiu a ex-ministra das Relações Exteriores da Áustria, Karin Kneissl.
70 MIL TOMAM AS RUAS DE PRAGA
Em Praga, capital da República Tcheca (40,3% de reajuste), cerca de 70 mil pessoas protestaram no início deste mês contra a União Europeia e a OTAN, e defendendo uma intervenção governamental para controlar o reajuste abusivo da energia e em oposição à União Europeia e à OTAN.
“O objetivo de nossa manifestação é exigir mudanças, principalmente na solução da questão dos preços da energia, especialmente eletricidade e gás, que destruirão nossa economia neste outono”, declarou Jiri Havel, um dos organizadores do protesto. Para a coordenação do evento, o país da Europa Central deve ser neutro militarmente e garantir contratos diretos com a Rússia, entre outros fornecedores de gás, a fim de que a crise energética deixe de crescer como bola de neve. O problema, alertaram, começou desde que a OTAN decidiu intervir no conflito Rússia-Ucrânia em fevereiro.
Na Itália, (43% de aumento), o ministro das Relações Exteriores, Luigi Di Maio, foi atacado e chamado de “traidor” por manifestantes ao chegar a Nápoles, no sábado, com as pessoas indo às ruas para queimar suas contas de eletricidade e gás.
NA ITÁLIA, RESTAURANTES ACENDEM VELAS
Condenando os constantes reajustes nas contas de energia – foram pelo menos cinco vezes nos últimos meses – o morador Mario Salvatore, disse ao Global Times que a situação é gravíssima.
“Alguns restaurantes até acendem velas à noite para economizar dinheiro… Poderíamos ter continuado a viver em paz, se continuássemos a comprar da Rússia o que nossas economias precisam para prosperar. Em vez disso, tivemos um verão escaldante e agora estamos nos preparando para um outono quente e um inverno ainda mais rigoroso”, ressaltou Salvatore.
Na semana passada, assim como na França, as cidades alemãs foram palco de grandes protestos contra o governo. Sob um mar de aplausos em Leipzig, Gregos Gysi, ex-líder do partido Esquerda Europeia, denunciou que “a OTAN conseguiu fazer tudo errado no que diz respeito à crise da Rússia com a Ucrânia”.
CRISE PROVOCARÁ TARIFAS 200% SUPERIORES ÀS DE 2021
Projeções da Goldman Sachs Research, divulgadas na última quinta-feira (8) reportam que uma família típica na UE deverá pagar contas de energia de € 500 por mês no início do próximo ano, caso não haja a introdução de limites de preços – 200% a mais que em 2021. “Este é um processo muito doloroso e está impactando a população europeia de muitas maneiras diferentes. As pessoas comuns ainda nem sentiram o peso total desta situação”, avalia Samantha Dart, estrategista sênior de energia do Goldman Sachs.
Para Lin Boqiang, diretor do Centro de Pesquisa em Economia da Energia da China na Universidade de Xiamen, “como os Estados Unidos pressionam a Europa a tomar medidas agressivas contra a Rússia e o continente sofre com a escassez de energia como resultado, não estão poupando esforços para vender gás e petróleo para os europeus e ganhar muito dinheiro”.
A Administração de Informação de Energia dos EUA informou que o país enviou quase três quartos de todo o seu gás natural liquefeito para a Europa nos primeiros quatro meses de 2022, com embarques diários para a região mais que triplicando em relação à média do ano passado.