O presidente da Bolívia, Evo Morales, reafirmou que seu governo continuará usando todos os recursos necessários para apagar os incêndios na região da Amazônia boliviana, no sudeste do país, perto da fronteira com o Brasil e Paraguai. Assinalou que seu objetivo é preservar essa importante área natural “sem importar custo nem esforço”, porque essa região é determinante para o equilíbrio do clima do planeta.
Sem negar o problema, ao contrário de Jair Bolsonaro, o presidente boliviano anunciou a dimensão do dano e a tomada de medidas para combatê-lo. Na segunda-feira, 26, frisou que nenhum esforço será suficiente se “não atuarmos unidos nesta hora crucial”. Segundo os últimos informes, o fogo teria consumido mais de 775.000 hectares em 35 comunidades de 11 municípios da região chamada de Chiquitania.
“Reiteramos o agradecimento a quase 4.000 servidores e voluntários de 17 instituições que nos acompanham na luta diária contra o fogo. Nada é mais valioso que nossa Mãe Terra; ela pode viver sem a gente, mas nós não podemos viver sem ela”, disse. “Somos um país forte e digno, lutando juntos temos superado muitos desafios em nossa história. Unidos vamos superar essa prova”, frisou.
Muitas operações se realizam por terra e recebem o reforço de cinco aeronaves: o Supertanker, outros dois aviões e quatro helicópteros.
Juan Ramón Quintana, ministro da Presidência, qualificou de “bem-sucedida” a operação da primeira descarga de 75.000 litros de água que o SuperTanker efetuou sobre uma ampla zona da Amazônia boliviana, no sudeste perto da fronteira com Brasil e Paraguai.
E o comandante em Chefe das Forças Armadas, Williams Kaliman, que lidera, junto com Evo, as ações para aplacar o incêndio florestal, informou que, no dia 26, o gigante avião bombeiro “Supertanker”, contratado pelo governo nacional, realizou ao menos cinco descargas na região Puerto Suárez. Declarou que ao mesmo tempo está coordenado o apoio das brigadas terrestres, que ingressarão para apagar os resíduos que fiquem após a ação do avião bombeiro.
O governo da Bolívia convocou os países afetados pelos graves incêndios na Amazônia a uma reunião de emergência para avaliar os danos e coordenar as tarefas de mitigação do impacto ambiental, informou, no dia 26, o chanceler Diego Pary.
“Nós temos ativado outro mecanismo para que possamos nos reunir os países afetados por estes incêndios. Uma reunião de chanceleres e ministros de Meio Ambiente do Brasil, Paraguai, Peru e Bolívia”, insistiu diante da falta de consenso e interesse para uma reunião da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), que Bolívia também propôs.
A OTCA é um organismo intergovernamental constituído por Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela. É o único bloco sócio-ambiental dedicado à Amazônia que reúne diversos países.
“Lamentavelmente, pelas diferênças políticas que há neste momento na região (…) não tem se viabilizado esta reunião [da OTCA] apesar da nossa insistência e de alguns outros Estados membros”, explicou o chanceler boliviano.
Morales disse que conversou com os presidentes do Chile, Sebastián Piñera, do Paraguai, Mario Abdo Benítez, e o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, que lhe ofereceram ajuda. A Argentina e o Peru também manifestaram apoio, e o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) disse que vai doar US$ 500 mil ao país para o combate ao fogo.
Em coletiva de imprensa, o líder boliviano relatou que recebeu uma nota na qual o presidente da França, Emmanuel Mácron, assinalou que vai “realizar uma mobilização de todas as potências” para apoiar o reflorestamento.
Evo Morales, que disputa a reeleição no próximo 20 de outubro, decidiu suspender a campanha eleitoral por pelo menos 1 semana, em meio ao estado de emergência pelos incêndios. À sua decisão se somaram os candidatos de oposição Carlos Mesa e Oscar Ortiz.