O presidente da Bolívia, Evo Morales, afirmou, na quarta-feira (21), que “seria muito bom” o Chile “dar início as negociações antes da decisão” da Corte Internacional de Justiça de Haia, na Holanda, sobre o processo envolvendo o direito do seu país a ter uma saída soberana para o mar.
Durante a conferência de imprensa realizada no Palácio do Governo, Morales avaliou que, nesta fase final da disputa, que teve início em 2013, a equipe de advogados bolivianos conseguiu “explicar e informar que há uma divida histórica para com a Bolívia. Sobre isso, há um profundo sentimento de unidade, de dívida, acerca do dano que nos impuseram, o qual não é responsabilidade do povo chileno, mas de pequenos grupos do país”.
A última fase do processo teve início nesta segunda, onde durante 10 dias, tanto a Bolívia quanto o Chile, apresentarão suas argumentações orais finais, para depois delas, passados alguns meses, conforme protocolo, os juízes apresentarem seu veredicto.
As defesas orais da Bolívia ocorreram durante a segunda e terça-feira, sendo as sessões retomadas após o recesso de quarta. “Nestes dias de audiência” nossos advogados tornaram claro e evidente “a existência da obrigação do Estado chileno negociar uma solução para o nosso isolamento marítimo”, afirmou Morales, ainda em Haia, ao fazer referência a Guerra do Pacífico (1879-1893).
A guerra ocorreu quando o Chile foi utilizado pela Inglaterra em defesa dos interesses da multinacional inglesa Antofagasta Nitrate & Railway Companyn que, para fugir das taxações bolivianas, à custa de milhares de mortos, venceu a guerra e tomou o território boliviano de Antofagasta e áreas do norte do deserto do Atacama – totalizando 400 quilômetros de costa. “A partir de então, durante mais de 130 anos, a Bolívia não cessou nem cessará de buscar uma solução que restaure o equilíbrio entre os dois Estados, permitindo acesso livre, útil e soberano ao oceano Pacífico”.
Ao retornar à Bolívia, na quarta, o presidente foi recebido por uma grande manifestação no aeroporto Internacional de El Alto, ainda na madrugada. “Mar para a Bolívia” e “com Evo a Bolívia regressa ao mar”, cantavam os manifestantes.
Além de sua avaliação positiva sobre o andamento do processo, Morales também agradeceu o apoio recebido dos movimentos sociais e de autoridades chilenas, a exemplo do deputado Raúl Alarcón, que considera a demanda boliviana “pequena” diante dos prejuízos históricos do país. O que a Bolívia pede é muito pouco, é muito pouco se comparado com tudo o que perdeu. Eu estou com eles”.