Fraga disse que sempre considerou a vacina importante e que esse era um dos pontos que discordava diretamente do presidente
Com dificuldades de formar palanques nos Estados, o presidente da República Jair Bolsonaro (PL) tem tentado se aproximar de antigos aliados que foram deixados pelo caminho durante a gestão.
Recentemente, enviou emissários para falar com Alberto Fraga, com quem mantinha amizade de 40 anos.
O ex-deputado federal cotado para o comando do diretório do União Brasil no Distrito Federal, porém, não quis saber de papo. Eles estão rompidos desde o ano passado, quando a mulher de Fraga morreu vítima de covid-19.
ENTENDA O FATO
Aliado de primeira hora de Bolsonaro, o ex-deputado Alberto Fraga (União Brasil-DF) decidiu se afastar do mandatário após a morte da esposa Mirta, 56 anos, em decorrência da covid-19.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, em setembro do ano passado, Fraga disse que bloqueou Bolsonaro no Whatsapp e que não consegue entender “essa falta de sensibilidade do presidente com relação à morte das pessoas”.
O ex-deputado federal e Bolsonaro eram amigos desde os anos 1980, dos tempos da Escola de Educação Física do Exército, no Rio. Depois, ambos foram deputados e, posteriormente, quando Bolsonaro se tornou chefe do Executivo, se encontravam com frequência no Palácio da Alvorada.
O ex-parlamentar contou que ele e a mulher pegaram covid-19 e precisaram ser internados.
“Ela teve pneumonia viral. Ficou 73 dias internada e veio a óbito em virtude do pulmão não ter se recuperado. O sentimento mais comum de todos nós que passamos uma situação dessa é que gostaríamos de ter tido a vacina o mais rápido possível. E a gente sabe que a vacina foi politizada. Esse foi o grande problema. Enquanto se disputava politicamente quem era o pai da criança, a população ficou sem vacina. Com isso, evidentemente muitas pessoas vieram a óbito porque não tiveram a oportunidade de se vacinar”, disse na ocasião.
Questionado sobre o que chama de politização neste caso, Fraga disse que quando o presidente da República percebeu que havia a necessidade da vacina contra a covid-19 “não quis dar o braço a torcer porque o mérito ficaria para o Doria [governador de São Paulo]” e presidenciável pelo PSDB.
Coronel da reserva da PM do Distrito Federal e expoente da bancada da bala enquanto esteve na Câmara, Fraga disse que sempre considerou a vacina importante e que esse era um dos pontos que discordava diretamente do presidente.