Ex-braço direito de Ciro Nogueira é alvo da operação contra a fraude da Refit

Jonathas Assunção e o senador Ciro Nogueira, ex-chefe da Casa Civil de Bolsonaro (Fotos: Roque de Sá/Agência Senado - Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)

O número 2 de Ciro agora é executivo da Refit e foi alvo de um mandado de busca e apreensão de documentos

Jonathas Assunção é um dos alvos da operação deflagrada nesta quinta-feira (27) contra a fraude praticada por dezenas de empresas do setor de combustíveis.

Ele foi secretário-executivo da Casa Civil comandada por Ciro Nogueira (PP-PI) durante o governo de Jair Bolsonaro.

Assunção atualmente é executivo da Refit, uma das principais refinarias na mira da investigação que apura um esquema de fraude fiscal que pode ter causado um rombo bilionário. Assunção foi alvo de um mandado de busca e apreensão de documentos.

Segundo investigações, o ex-dirigente ajudou a operar contratos, direcionar licitações e ampliar margens de lucro de empresas parceiras.

Na época em que Assunção era o número 2 da Casa Civil, a mulher dele foi nomeada por Ciro Nogueira para um cargo de R$ 13 mil no Ministério de Minas e Energia.

O caso envolve obras infladas, serviços prestados por empresas ligadas a assessores políticos e uso estratégico de estruturas públicas para retorno eleitoral e financeiro.

PONTE ENTRE POLÍTICA E CONTRATOS

Documentos analisados indicam que o ex-auxiliar de Ciro Nogueira participava de negociações diretas com construtoras, que, segundo a apuração, eram artificialmente aumentadas para fechar contratos milionários. Em troca, operadores políticos ligados ao PP (Progressistas), partido de Ciro Nogueira, recebiam repasses indiretos.

A engrenagem dependia de 3 eixos:

1. Empresas previamente alinhadas com quadros do PP;

2. Intermediários políticos, responsáveis por abrir portas em ministérios e autarquias; e

3. Corretores de contratos, que circulavam entre Brasília e Estados para acelerar liberações.

Nessa rota, o ex-número 2 funcionava como o articulador que unia interesses empresariais e demandas políticas.

RELAÇÃO COM O PP

Ciro Nogueira, ex-ministro e atual presidente nacional do PP, evita comentários públicos, mas aliados reconhecem o impacto negativo.

Fontes no Congresso observam que o caso enfraquece o discurso moralizante adotado por setores bolsonaristas que orbitam o partido, além de expor a estrutura paralela de poder montada durante a passagem de Nogueira pela Casa Civil.

IMPLICAÇÕES E EXPECTATIVAS

A investigação avança sobre contratos que somam dezenas de milhões de reais e que teriam sido inflados por meio da refinaria, prática que se apresenta como solução técnica, mas que historicamente abre brechas para superfaturamento.

O Ministério Público avalia novas denúncias e deve ampliar o leque de envolvidos.

Para analistas políticos, o caso se soma ao crescente desgaste das estruturas partidárias tradicionais, em especial daquelas que construíram seus espaços na máquina pública pela via do chamado “orçamento secreto” e de influência sobre estatais e autarquias.

A tendência é de novos desdobramentos, especialmente se delações ou quebras de sigilo confirmarem a participação do entorno de Nogueira na engrenagem.

M. V.

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