Os ex-comandantes da Aeronáutica, brigadeiro Baptista Junior, e do Exército, general Freire Gomes, relataram à Polícia Federal que o relatório das Forças Armadas sobre o primeiro turno das eleições presidenciais foi impedido pelo governo Bolsonaro de ser divulgado por não apontar a existência de nenhuma fraude.
A intenção dos militares era divulgar o relatório nos primeiros dias após o primeiro turno, realizado no dia 2 de outubro de 2022.
O governo de Jair Bolsonaro, porém, não queria que o documento, que destacava a lisura do processo, fosse divulgado para poder continuar com sua narrativa de que as eleições tinham sido fraudadas em favor de Lula.
O brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior contou aos investigadores que não participou da reunião, “mas ouviu que houve uma determinação para não divulgar o Relatório de Fiscalização do Sistema Eletrônico do 1 º turno de Votação” e “que não se recorda quem teria falado sobre o pedido para atrasar a divulgação do relatório”.
O depoimento do ex-comandante do Exército, Freire Gomes, complementa que a divulgação seria responsabilidade do Ministério da Defesa, então chefiado por Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira.
De acordo com o Baptista Junior, que recebia relatórios das atividades da Comissão de Fiscalização, a equipe “não identificou qualquer irregularidade ou fraude no sistema eletrônico de votação”.
Segundo ele, “constantemente vinham teses de fraudes da Presidência da República para serem avaliadas pela Comissão”, mas que nenhuma tinha fundamento.
Ele contou que, mesmo com os militares atestando a lisura do processo, Jair Bolsonaro não aceitava a derrota.
O Ministério da Defesa, no dia 10 de novembro de 2022, publicou uma nota dizendo que, apesar das Forças Armadas não terem encontrado um único indício de fraude, não estava excluída “a possibilidade de fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas”.
O brigadeiro Baptista Junior contou que não foi consultado pelo Ministério para a divulgação da nota. O mesmo foi dito pelo ex-comandante do Exército, general Freire Gomes.