Faleceu na noite desta terça-feira (18), aos 69 anos, vítima de um câncer de pulmão, o ex-vereador e ex-deputado estadual Benedito Cintra, um dos militantes mais importantes na história do PCdoB São Paulo.
Nascido na Brasilândia, zona norte de São Paulo, Cintra foi mecânico da CMTC e servidor da Caixa Econômica Federal, além de estudante de Direito e História da USP. Desde cedo, engajou-se na luta contra a ditadura militar.
Em 1975, quando o MDB (Movimento Democrático Brasileiro) cria um diretório na Freguesia do Ó, Cintra é eleito para presidi-lo. Nas eleições municipais de 1976, o jovem líder da Freguesia/Brasilândia, de apenas 23 anos, candidata-se a vereador com várias credenciais: servidor público, ativista estudantil, líder comunitário e dirigente partidário.
Apoiado pelos comunistas se elegeu vereador com mais de 32 mil votos. Logo após assumir o cargo, filiou-se ao PCdoB, do qual foi dirigente municipal e estadual. Em 1982, elegeu-se deputado estadual.
Mais do que isso, à essa altura, Cintra já é um respeitado porta-voz da oposição ao regime autoritário dos generais-presidentes. Com esse reconhecimento, recebe o apoio de inúmeras associações amigos de bairro, do jornal alternativo “Movimento” (liderado por Raimundo Rodrigues Pereira), de militantes do ainda clandestino PCdoB e de estudantes universitários, caso como André Singer, Alon Feuerwerker, Sérgio Buarque de Gusmão e Igor Fuser.
Na reunião do Comitê Central comunista de dezembro de 1976 – que ficaria marcada por seu desenlace trágico, a Chacina da Lapa –, o informe do dirigente Pedro Pomar sobre eleições municipais destacou o desempenho do jovem candidato.
De acordo com Pomar, a candidatura alcançou “grande receptividade entre o povo do bairro, que aceitou seu programa verdadeiramente de oposição à ditadura” e mobilizou mais de 400 voluntários. Havia “condições favoráveis para o desenvolvimento, no futuro, da ação do PCdoB no bairro”.
“Sua atuação parlamentar, profundamente vinculada às causas comunitárias, estudantis e trabalhistas, estendeu-se por dez anos e virou referência de mandato comunista em todo o Brasil. Grande formulador, Cintra soube, como poucos, aliar as frentes social, institucional e de ideias”, diz em nota o PCdoB São Paulo.
Além de aguerrido combatente comunista, sempre à frente das trincheiras levadas à cabo pelo PCdoB, deixou contribuições em diversos outros movimentos. Foi fundador da Unegro, diretor da escola de samba Unidos do Peruche e diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo. Nos governos Lula, assessorou a Presidência da República e foi um dos idealizadores do Estatuto da Igualdade Racial. “Revolucionários como Benedito Cintra fazem e farão sempre falta! Que sua história e seu legado continuem nos inspirando a abrir caminhos para a construção do socialismo”, finaliza a nota do PCdoB.