O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, tentou acessar 99 vezes o e-mail da Presidência após ser bloqueado pela nova gestão.
Através da troca de e-mails de Mauro Cid com outros assessores de Jair Bolsonaro, a CPMI do Golpe tem identificado diversas provas e indícios de crimes cometidos pelo antigo governo.
Um desses casos é a venda, por cerca de R$ 350 mil, de um relógio Rolex que foi dado para Mauro Cid pela família real da Arábia Saudita. Mauro Cid trocou e-mails com uma outra assessora de Jair Bolsonaro para dar os primeiros passos da venda.
Pelo alto valor, o relógio não poderia ser apropriado ou vendido por Mauro Cid, mas incluído no acervo da Presidência da República como um bem público.
Até março de 2023, quando já não era mais funcionário do governo federal, mas ainda tinha acesso ao e-mail funcional, Mauro Cid conseguiu acessar o e-mail funcional mais de 500 vezes.
Depois do bloqueio, Mauro Cid tentou entrar no e-mail mais 99 vezes com seu usuário e senha.
O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro pode ter excluído ou tentado excluir e-mails que trocou com outras pessoas.
Outros documentos que estão em mãos da CPMI do Golpe mostram que os demais funcionários da Ajudância de Ordens de Jair Bolsonaro tentaram excluir mais de 17 mil e-mails que tinham armazenado.
No entanto, eles não excluíram os e-mails da lixeira. Dessa forma, a investigação teve acesso à prova dos crimes.
As informações da Casa Civil, passadas para a CPMI do Golpe e obtidas pela Folha de S.Paulo, mostram que Mauro Cid insistiu, ao longo de três dias, em tentar entrar com seu usuário, “maurocbc” (Mauro César Barbosa Cid). O sistema lhe informava que sua conta estava “desativada, excluída ou bloqueada”.
Quando ainda conseguia entrar no e-mail, Mauro Cid recebeu e pôde ler cartas enviadas pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI) sobre a agenda e atividades do presidente Lula.
A Casa Civil, em nota, admitiu o atraso na desativação da conta de Mauro Cid, mas argumentou que havia falta de pessoal para cancelar mais de mil acessos de uma vez. Agora, o Ministério pretende automatizar esse tipo de processo.