O ex-governador do Paraná, Roberto Requião, anunciou sua desfiliação do PT e justificou sua decisão declarando que a legenda “não é mais um partido transformador”.
Segundo Requião, a sigla está “entregando os nossos princípios, entregando a nossa soberania”, liquidando a Petrobrás e apoiando privatizações no Estado.
“Eu tenho uma admiração pessoal pelo Lula, com a trajetória, o seu crescimento cultural e político. Mas, de repente, o que eu vejo é que o PT perde a sua função transformadora no Brasil. Ele aderiu à direita. (…) Eu não posso me conformar com esta regressão. Então eu saí, vou procurar uma outra estrutura partidária que eu ainda não defini qual seja”, explicou Requião.
Ele fez o anúncio de sua desfiliação em uma entrevista ao Blog do Esmael, durante a qual negou que seja candidato à Prefeitura de Curitiba: “não tenho nem partido”.
“Eu estou vendo que a importância que o PT teve, pela qual eu entrei, era válida. Mas não é mais um partido transformador”, disse.
Na opinião do ex-governador, o governo Lula tem mantido a mesma política econômica do governo Bolsonaro, apontando que “o tripé [macroeconômico] continua o mesmo”.
Falou também que o governo e o Banco Central, que tem mantido a taxa básica de juros nas alturas, “são parceiros”. “Agora, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, recebe prêmios em parceria com o Roberto Campos Neto”.
Na avaliação do ex-senador, a “Petrobrás está sendo liquidada” com a distribuição de dividendos e poucos investimentos.
No caso específico do Paraná, o ex-governador disse que o governo Lula começou a apoiar políticas que a esquerda sempre combateu. “O Lula é aliado do Rato [governador Ratinho Junior] no Paraná, com tudo que nós combatemos nos últimos 40 anos”.
Ele reclamou sobre a política de pedágios de Ratinho Jr. e de Jair Bolsonaro, que era “reconhecida como um absurdo”, e o ministro dos Transportes de Lula, Renan Filho, passou a apoiar.
Outra crítica é sobre o silêncio do governo federal diante da privatização da Copel (Companhia Paranaense de Energia), que “o BNDES podia ter impedido”, da Sanepar (Companhia do Saneamento do Paraná) e do Porto de Paranaguá.
“Apoiando o pedágio que eu combati, sempre, apoiando a venda da Copel, a venda do Porto Paranaguá, apoiando a privatização da Sanepar? Absurdos completos”, destacou.
“É lamentável para mim que o PT esteja se transformando. Eu insisto, tem gente boa. (…) Agora eu vou continuar apoiando o governo federal no que achar positivo”, continuou.
“Aprecio a conduta do Lula na política internacional. As críticas que ele faz ao genocídio, em Gaza, por Israel. Acho que aí não temos muito reparo a fazer”, completou.