Aos 96 anos, o economista Antônio Delfim Netto faleceu na madrugada desta segunda-feira (12), “em decorrência de complicações no seu quadro de saúde”, no Hospital Albert Einstein, onde estava internado desde o dia 5 de agosto, informou a assessoria do professor, diplomata brasileiro e ex-deputado federal.
Considerado o pai do chamado “milagre econômico” durante a ditadura, Delfim Netto seguiu como figura de destaque no meio político após a redemocratização do país, sendo, inclusive, conselheiro do presidente Lula nos seus dois primeiros mandatos e da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
“Durante 30 anos eu fiz críticas ao Delfim Netto. Na minha campanha em 2006, pedi desculpas publicamente porque ele foi um dos maiores defensores do que fizemos em políticas de desenvolvimento e inclusão social que implementei nos meus dois primeiros mandatos”, manifestou em nota oficial do governo brasileiro, o presidente Lula.
“Delfim participou muito das discussões de políticas públicas daquele período. Quando o adversário político é inteligente, nos faz trabalhar para sermos mais inteligentes e competentes”, comentou Lula.
“Em um curto espaço de tempo, o Brasil perdeu duas referências do debate econômico no país: Delfim Netto e Maria da Conceição Tavares. Fica o legado do trabalho e pensamento dos dois, divergentes, mas ambos de grande inteligência e erudição, para ser debatido pelas futuras gerações de economistas”, conclui a nota.
Formado pela Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas da Universidade de São Paulo (FEA-USP), Delfim Netto foi ministro da Fazenda, em 1967, nos governos militares de Costa e Silva e Médici.
Ele foi um dos ministros signatários do Ato Institucional número 5, o chamado o AI-5, de 13 dezembro de 1968 – a medida mais repressiva da ditadura, que ampliou a retirada de direitos constitucionais e a radicalização da repressão contra os opositores do regime.
Durante o governo de Ernesto Geisel, Delfim Netto ocupou o cargo de embaixador do Brasil na França, em 1975. No governo de João Figueiredo (1979 e 1985), ele assumiu o Ministério da Agricultura e, em seguida, o do Planejamento. No processo de redemocratização do país, participou das eleições em 1986 e se elegeu deputado constituinte. Depois, ainda seria eleito deputado federal por mais 4 mandatos consecutivos.