
Em carta, divulgada nesta terça-feira (14), ex-ministros da Fazenda e ex-presidentes do Banco Central afirmam que superar a crise exige, além da retomada das atividades econômicas e a atenção aos problemas sociais, o cuidado como o meio ambiente e suas implicações para o Brasil.
Nesse sentido, no documento “Convergência pelo Brasil – Por uma economia de baixo carbono” defendem “Zerar o desmatamento na Amazônia e no Cerrado”.
A carta é assinada por Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República, Alexandre Antônio Tombini, Armínio Fraga, Eduardo Guardia, Gustavo Krause, Gustavo Loyola, Henrique Meirelles, Ilan Goldfajn, Joaquim Levy, Luiz Carlos Bresser-Pereira, Maílson da Nóbrega, Marcílio Moreira, Nelson Henrique Barbosa Filho, Pedro Malan, Persio Arida, Rubens Ricupero e Zélia Cardoso de Mello.
“O retorno financeiro do desmatamento — especialmente na Amazônia — é, assim, baixo e certamente negativo quando se considera, além da biodiversidade e os serviços ambientais e climáticos, o impacto reputacional sobre o país. O prejuízo do desmatamento tem levado diversos parceiros comerciais importantes do Brasil a expressarem veementemente seu descontentamento e preocupação, que certamente se traduzirão em menores fluxos de comércio e investimentos no país”, diz a carta.
“O controle para o cumprimento das leis de proteção ambiental é uma maneira efetiva de mitigar emissões e evitar o mau uso do patrimônio público constituído pelas florestas em áreas da União, tanto as sem destinação específica, como as que formam Unidades de Conservação, assim como o desrespeito ao direito representado pelas Terras Indígenas estabelecidas por lei”, afirma outro trecho.
“O momento é de sofrimento e angústia para muitos. A perda de emprego e renda é uma realidade que aprofundará a desigualdade social. Os efeitos de longo-prazo da pandemia serão severos, inclusive devido ao contexto fiscal ainda mais desafiador. Superar a crise exige convergirmos em torno de uma agenda que nos possibilite retomar as atividades econômicas, endereçar os problemas sociais e, simultaneamente, construir uma economia mais resiliente ao lidar com os riscos climáticos e suas implicações para o Brasil”, prosseguem os autores do documento.
Na segunda-feira (13), Bolsonaro exonerou a coordenadora-geral de Observação da Terra do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Lubia Vinhas, após o órgão divulgar, na semana passada, que o mês de junho teve o maior número de alertas de desmatamento para o mês em toda a série histórica, iniciada em 2015.