A Polícia Civil apreendeu, na cidade de Arujá (SP), um helicóptero utilizado para transporte de drogas, nesta quarta-feira (25). A suspeita é que a aeronave seria utilizada pela facção criminosa paulista Primeiro Comando da Capital (PCC) para transportar drogas entre Bolívia e Brasil.
O delegado titular da Delegacia de Investigação sobre Entorpecentes (Dise) de São Bernardo do Campo, José Eduardo Jorge, informou que três pilotos foram presos. Dentre os presos, está o piloto Rogério Almeida Antunes, preso também em 2013, no Espírito Santo, com 445 quilos de cocaína num helicóptero da empresa do então deputado estadual de Minas Gerais Gustavo Perrela (SD).
De acordo com a polícia, a aeronave apreendida agora está registrada no nome de um homem chamado Fábio. Não foram divulgadas maiores informações sobre esse registro e nem localizado este homem. O helicóptero estava em Arujá para manutenção numa oficina no Jardim Fazenda Rincão.
Segundo a Dise, exame preliminar feito por peritos no helicóptero comprova que há vestígios de cocaína em “toda a aeronave” e, por essa razão, os presos devem ser indiciados por associação ao tráfico de drogas e organização criminosa. O helicóptero também não tinha outros bancos além do assento do piloto e teve o GPS removido.
O chefe de investigações da Delegacia de Investigação sobre Entorpecentes (Dise) de São Bernardo do Campo, Carlos César Alves, afirmou que a aeronave era monitorada desde janeiro e pode ter sido utilizada por Felipe Ramos Moraes, piloto suspeito de ter se envolvido no assassinato de integrantes da facção Primeiro Comando da Capital (PCC).
Segundo Alves, a aeronave era utilizada por facções criminosas para transportar drogas da Bolívia para São Paulo. Nos últimos quatros dias, o helicóptero realizou 56 horas de viagem.
“A aeronave voava sem plano de voo, sem avisar a Anac, em horário de fim de semana. O típico de aeronave que transporta drogas”, afirmou o chefe de investigações.
O CASO DE 2013
Em 2013, um helicóptero pertencente à Limeira Agropecuária, empresa de propriedade de Gustavo Perrella, foi flagrado pela Polícia Federal com 445 kg de cocaína. Na época, cinco pessoas foram condenadas por tráfico de drogas. Mas a polícia concluiu que Perrella não tinha ligação com a droga.
Rogério Almeida Antunes foi condenado a dez anos e quatro meses de reclusão em regime fechado, além de 1.032 multas diárias de R$ 25.
O piloto da aeronave, que era funcionário do gabinete de Gustavo na Assembleia Legislativa de Minas Gerais foi preso em flagrante, junto com outras três pessoas.
Rogério Antunes “era homem de confiança” do deputado Perrella, tanto que ocupava um cargo na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, onde não trabalhava. Segundo o jornal O Estado de Minas, o piloto era “agente de serviço de gabinete da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG)”.
O ex-deputado Gustavo Perella tem ligações políticas históricas com o senador Aécio Neves em Minas Gerais.
Em 2017, foi revelado um grampo telefônico em que o senador Zezé Perrella (PMDB-MG), pai de Gsutavo Perella, diz a Aécio Neves, em tom de piada, que “só trafica drogas”, e ressuscitou a história da apreensão de 445kg de cocaína no helicóptero em 2013.