71 dos 103 mísseis americanos foram derrubados, segundo fontes do governo sírio
“A agressão tripla é uma violação flagrante do direito internacional”, reagiu a Síria contra o bombardeio do país por ordem de Trump. A Síria denunciou que o ataque tinha como alvo os depósitos do exército na área de Homs. 71 dos 103 mísseis americanos foram derrubados, segundo fontes do governo sírio. “Segundo informações disponíveis até o momento, foram lançados 103 mísseis de cruzeiro, incluindo Tomahawk de baseamento naval, e bombas de fragmentação guiadas GBU-38 a partir de aviões B-1B. Aviões F-15 e F-16 usaram mísseis ar-terra. Os aviões Tornado da Força Aérea do Reino Unido lançaram oito mísseis Scalp EG”, afirmou o chefe da Direção-Geral Operacional do Estado-Maior das Forças Armadas russas.
O criminoso bombardeio foi perpetrado no dia seguinte à chegada à Síria da missão da Organização para Proibição das Armas Químicas (OPAQ), que é quem tem a tarefa de investigar in loco se houve ou não o suposto ataque. A investigação da OPAQ fora pedida por Damasco e Moscou no início da semana e os trabalhos da equipe estavam marcados para começar neste sábado (14). O ataque, segundo as autoridades sírias, teve como objetivo a interrupção do trabalho dos especialistas da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ). Ou seja, o governo norte-americano está tentando impedir que a missão especializada, designada pela ONU, investigue se houve mesmo o alegado ataque químico. A Rússia já havia denunciado que não houve nenhum ataque químico e sim uma encenação montada por agentes britânicos.
“O ataque foi realizado no mesmo dia em que a missão especial da OPAQ para investigação do incidente na cidade de Douma, onde alegadamente tinham sido usadas armas químicas, deveria começar o seu trabalho. Quero assinalar que na Síria não há nenhuma instalação de produção de armas químicas, isso foi confirmado pela Organização para a Proibição de Armas Químicas. Este fato de agressão norte-americana prova que os EUA não estão interessados na objetividade da investigação e seu desejo de minar o processo de solução pacífica na Síria e desestabilizar a situação no Oriente Médio”, denunciou Sergei Rudskoi.
A Rússia advertiu que “tais ações não serão deixadas sem consequências”. Em nota, a embaixada da Rússia nos EUA disse ainda que “todas as responsabilidades sobre elas [as agressões] estão com Washington, Londres e Paris”. E que “os EUA – possuidores do maior arsenal de armas químicas – não tem direito moral de culpar outros países”.
Repercussões
O ex-presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, condenou o “lançamento de um ataque militar ilegal à Síria”. ele disse que um ataque como o que aconteceu, no dia 13, é “muito perigoso e pode levar a consequências imprevisíveis”.
O ex-prefeito de Londres, Ken Livingston, declarou que o ataque, além de não se justificar, “é um ultraje” pois se trata de uma agressão a outro país sem discussão no parlamento inglês.
No dia 13, Trump anunciou que os EUA, em conjunto com Inglaterra e França estavam realizando um ataque à Síria. A participação inglesa no ataque foi corroborada pela premiê inglesa, Theresa May.
O presidente do Partido Trabalhista inglês, Jimmy Corbyn também condenou o ataque afirmando que além de não ter nenhum respaldo, é uma agressão realizada “sob ordens externas, a mando de Trump”.
O pretexto alardeado para o ataque foi o suspeito e amplamente refutado lançamento de uma bomba com gás nocivo sobre civis em Duma, cidade – à época do ataque – em vias de libertação das mãos dos terroristas do bando Jaish Al Islam.
Como inúmeras lideranças e analistas têm repetido, não faria o menor sentido para o governo sírio realizar este ataque com armas químicas contra seu próprio povo, no momento em que estão vencendo a guerra.
Chefe do Pentágono admite não haver evidências do ataque químico
Até mesmo o chefe do Pentágono disse no Congresso que não há evidência sobre ataque químico em Douma.
O secretário da Defesa dos Estados Unidos, Jim Mattis, disse ao Congresso na terça-feira (10) que os militares não têm provas de que cloro ou sarin foram usados em um suposto ataque químico na cidade síria de Douma.
O Chefe do Pentágono Mattis acrescentou que a única prova que dispõe sobre tal incidente veio por meio de informações da imprensa e das redes sociais.
“Houve vários desses ataques. Em muitos casos, você sabe que não temos tropas, [no terreno] então não posso lhe dizer que tivemos provas, apesar de termos muitos meios de comunicação e de mídia social falando do uso de cloro ou sarin”, disse Mattis em declaração aos membros do Comitê de Serviços Armados da Câmara.
O secretário de Defesa continuou: “ainda estamos avaliando a inteligência, nós mesmos e nossos aliados. Ainda estamos trabalhando nisso”.
O secretário de Defesa Mattis há dois meses também desmentiu que os EUA tivessem evidências reais sobre o suposto ataque químico em Khan Shaykhun, no ano passado e que, mesmo assim, foi usado como pretexto para um ataque de mísseis a uma base militar síria.
A Síria destruiu seu estoque de armas químicas em 2013, em um acordo mediado pela Rússia e pelos Estados Unidos em troca do acordo deste de não atacar o país. Em 2014, a Organização para a Proibição de Armas Químicas confirmou que o arsenal de produtos químicos da Síria havia sido eliminado.