O ex-presidente do Peru, Alan García, solicitou asilo político na embaixada do Uruguai, em Lima, depois da Justiça ter proibido a sua saída do país, no âmbito da investigação de caso de propina envolvendo a empresa Odebrecht.
No domingo, dia 18, o Ministério de Relações Exteriores do Uruguai confirmou em um comunicado o pedido de García, que teria visitado a residência do embaixador uruguaio, Carlos Alejandro Barros, em Lima, para fazer a solicitação.
Montevidéu deve avaliar a solicitação do ex-presidente, investigado no âmbito de um processo de suborno da Odebrecht. No sábado, a justiça peruana atendeu ao pedido da procuradoria de proibir a saída do ex-presidente do país por 18 meses.
Alan García, foi acusado pelo Ministério Público de crime contra a administração pública na execução da Linha 1 do Metrô de Lima, realizada pela Odebrecht, que pagou propina de US$ 2 milhões.
Segundo a imprensa do Peru, ainda, entre outros ilícitos, o político teria recebido US$ 100 mil da empresa “por uma palestra” por favorecer as atividades da empreiteira durante o seu mandato.
Aqui, no Brasil, conhecemos a história. O ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht, Alexandrino de Alencar, disse em seu depoimento de delação premiada, em abril do ano passado, durante as investigações da operação Lava-Jato, que a empresa pagava US$ 200 mil por palestras que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou a fazer com freqüência a partir de 2011 no exterior. Os pagamentos eram feitos a título de patrocínio, e com o intuito de facilitar ou ampliar negócios da companhia em países como Venezuela, Panamá, Angola, República Dominicana, Cuba e Peru. “A Odebrecht criou as palestras de Lula como uma remuneração de propina”, disse Alencar.
Todos os quatro últimos presidentes peruanos desde 2001 são acusados de estarem na lista de pixulecos da Odebrecht, sendo que o penúltimo, Ollanta Humala e a esposa estiveram 9 meses presos; o anterior, Alejandro Toledo, está foragido nos EUA com pedido de extradição; e Pedro Pablo Kuczynski, o “PPK”, só escapou do impeachment (por receber US$ 6,5 milhões da Odebrecht) porque fez acordo com o partido fujimorista para libertar da prisão o ditador Fujimori. Depois disso, PPK renunciou ao cargo e no lugar dele, assumiu o vice, Martín Vizcarra.
Garcia foi presidente do Peru em duas ocasiões. A primeira de 1985 a 1990 e a segunda de 2006 a 2011.
O chanceler do Uruguai, Rodolfo Nin Novoa, declarou ao jornal El Comercio que “não há prazo para dar uma resposta” ao pedido do ex-presidente. “Segundo o tratado de 1954, concedido o asilo, o Uruguai considera que há perseguição política. Deve-se avaliar com cuidado”, informou na segunda-feira, 19, o vice-chanceler, Ariel Bergamino.