Por ordem do juiz Salomón Landaverde, a brasileira Vanda Pignato, ex-primeira-dama e atual secretária de Inclusão Social de El Salvador, foi presa na semana passada pela polícia do país sob a acusação de ter participado de um desvio de US$ 351 milhões (R$ 1,3 bilhões) dos cofres públicos, durante o mandato de seu marido, Mauricio Funes (2009-2014). Eles se separaram no fim do governo.
O roubo, conhecido em El Salvador como “Saque Público”, era feito através de depósitos do dinheiro da corrupção em contas do Banco Hipotecário e sacado por elementos próximos ao ex-presidente. A brasileira foi denunciada por ter usado US$ 165 mil (R$ 611 mil) para pagar um empréstimo, faturas de cartões de crédito, depósitos bancários e na compra de um carro de luxo.
O ex-primeira-dama atuou como representante do PT na América Central entre 1992 e 2009, ano em que deixou a legenda porque pelas normas eleitorais do país, com seu marido candidato e eleito presidente, não podia manter formalmente esse posto.
Funes assumiu a Presidência em 2009, candidatando-se pelo partido formado a partir do movimento guerrilheiro Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional, FMLN. A campanha foi dirigida pelo marqueteiro brasileiro João Santana. Na época, o então presidente Lula, participou da posse.
Santana afirmou, em delação premiada, que participou da campanha a pedido de Lula e que ela foi bancada com dinheiro da Odebrecht. Funes foi sucedido, em 2014, pelo atual presidente, Salvador Sanchez Ceren.
O juiz ainda deve resolver a situação jurídica do ex-presidente, sua atual mulher Ada Mitchelle Guzmán Sigüenza e dois de seus filhos que estão asilados na Nicarágua desde 2016. Segundo a acusação, Funes e um de seus amigos mais próximos, o empresário Miguel Menéndez “criaram uma estrutura sofisticada para extrair fundos públicos”.
O presidente Ceren disse que apoia a decisão da Justiça e todas as medidas que ajudem a combater a corrupção.
Pignato nega irregularidades e, segundo Francis Varquero, sua advogada, a decisão de Landaverde de pedir a prisão foi “surpreendente”. A ex-primeira-dama, afirma a defensora, está em estado de saúde “grave” e, por isso, não compareceu à audiência.
O juiz, no entanto, ordenou a prisão da ex-primeira-dama por “risco de fuga”, apesar de o próprio Ministério Público pedir penas alternativas