O ex-secretário municipal de Obras da gestão do ex-prefeito do Rio de Janeiro e atual pré-candidato ao governo do Estado, Eduardo Paes (DEM), Alexandre Pinto, admitiu, em depoimento ao juiz Marcelo Bretas, que recebeu R$ 600 mil em propina.
A confissão foi feita pela primeira vez, em depoimento para a 7ª Vara Federal Criminal, na tarde da segunda-feira (11). De acordo com Pinto, as vantagens indevidas foram recebidas durante seu trabalho na prefeitura do Rio, porém ele não quis entrar em detalhes sobre como funcionou o esquema.
“As denúncias (do Ministério Público Federal) têm fundamento”, disse o engenheiro civil. “Obtive (cerca de R$ 600 mil) de maneira ilícita, através de propina que recebi. Mas preferia não dizer sobre os contratos por orientação da minha advogada”, disse.
O ex-secretário também afirmou que realizou depósitos na conta de sua mãe e na compra de uma sala comercial em nome de seu filho em espécie, com a finalidade de lavar o dinheiro, mas disse que os seus familiares não sabiam da origem dos valores.
“Meus filhos e minha mãe me pediram para falar toda a verdade. Por isso, estou falando a verdade para a Justiça. É um momento difícil que toda pessoa passa. Não me sinto injustiçado. Estou aqui para confessar os meus erros”, disse o engenheiro civil ao juiz Marcelo Bretas. Após ser preso e ter confessado o crime, Pinto diz que deve perdão para a sociedade e que agiu em um “momento de fraqueza”.
É esperado que, nos próximos depoimentos, o ex-secretário de Paes entre em mais detalhes sobre como obteve dinheiro ilícito na Prefeitura do Rio.
Além do crime de lavagem de dinheiro, o ex-secretário Pinto, que está preso, também é acusado pelo MPF de participar de um suposto esquema de desvio de R$ 36 milhões das obras municipais da Transcarioca e de Recuperação Ambiental da Bacia de Jacarepaguá.
O MPF afirma que parte dos recursos obtidos pelo ex-secretário foi transferido para o exterior de uma forma bem sofisticada, através de empresas offshore operadas por terceiros. Um delator do esquema informou que o ex-secretário tem mais de R$ 6 milhões em contas no exterior, valor que será objeto de restituição à Justiça Federal.