O ex-secretário da Casa Civil de Sérgio Cabral, Régis Fichtner, foi preso novamente na sexta-feira (15) em mais uma fase da Lava Jato no estado. Desta vez, os investigadores descobriram que o pagamento de propina envolvendo o braço direito do ex-governador chegou a R$ 5 milhões. Esse valor chamou a atenção do juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, que deferiu a nova prisão.
“Nota-se que no caso em tela os novos fatos sugerem recebimentos ilícitos na casa de R$ 5 milhões, o que por certo majora significativamente o dano causado à sociedade. É dizer, o aprofundamento das investigações parece demonstrar que, ao contrário do que se imaginou anteriormente, os indícios apontam para um comportamento de lesividade majorada”, escreveu em sua decisão.
Fichtner já havia sido preso pela Polícia Federal em novembro de 2017, durante a Operação C’Est Fini, mas acabou sendo solto. Na época, pesava contra ele a suspeita de ter recebido propina de R$ 1,6 milhão. Porém, novas investigações investigações apontam que o valor é bem maior.
A suspeita surgiu depois que a força-tarefa da Lava Jato descobriu que depois de deixar a Casa Civil, em 2014, Fichtner vendeu e não declarou ao imposto de renda uma sala comercial, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, para Ary Ferreira Filho, um dos investigados por envolvimento na quadrilha de Cabral. O valor da venda foi de R$ 2 milhões e segundo delação de Carlos Miranda, operador do ex-governador, seria uma dívida de propina.
“Como se vê, ainda existe patrimônio ocultado por Regis Fichtner, vez que não o declarou em seu imposto de renda. A manutenção de Regis solto permitirá a dilapidação patrimonial, lavagem e ocultação de bens fruto de práticas criminosas”, observam os procuradores.
De acordo com o Ministério Público Federal do Rio (MPF-RJ), além da ocultação patrimonial, há indícios de que o homem forte de Cabral tenha atuado para destruir provas, prejudicando as investigações.
Os investigadores encontraram e-mails, escritos por Fichtner, pedindo que uma servidora, lotada na Casa Civil, destruísse provas e lhe desse informações sobre precatórios. Neste período, ele já havia voltado a advogar. As mensagens à servidora foram enviadas após a sua saída da Pasta, o que, segundo os investigadores, mostra sua influência governo estadual.
Para os procuradores, ao pedir que arquivos fossem destruídos, o ex-secretário apagou “provas importantes para a instrução criminal, atuando concretamente para impedir as investigações”.
Fichtner participou da “Farra dos Guardanapos”, em 2009, quando secretários de Cabral e empresários que tinham grandes contratos com o governo se reuniram num hotel luxo em Paris para uma esbórnia luxuosa.
Outro preso na operação foi o coronel da Polícia Militar, Fernando França Martins, de 69 anos. O policial é apontado pelos investigadores como operador e uma espécie de segurança de Régis Fichtner.
As investigações apontam que o coronel é responsável por recolher parte da propina recebida pelo ex-secretário. Em informações bancárias, entre 2014 e 2016, houve transferência na ordem de R$ 725 mil dele para o coronel.
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