A matança de inocentes a tiros e sem explicação por um atirador desvairado voltou a ocorrer nos EUA, na cidadezinha de Sutherland Springs, no Texas, com um ex-soldado da Força Aérea disparando com um AR-15 contra as pessoas que participavam de um culto. As vítimas têm idade entre 1 e 77 anos, 8 delas da mesma família.
A doença americana – a matança a tiros e sem explicação de inocentes por um atirador desvairado – voltou a se manifestar nos EUA, na cidadezinha de Sutherland Springs, a 54 km de San Antonio, com um soldado da Força Aérea disparando com uma AR-15 contra as pessoas que participavam de um culto por volta de 11 horas da manhã em uma pequena igreja batista, matando 26 e ferindo 20. A população do vilarejo, conforme o censo de 2000, sequer chega a 400.
Famílias foram mortas a sangue frio, enquanto agarravam bíblias e oravam. As vítimas variaram em idade de 5 a 72, e entre os mortos havia crianças, uma mulher grávida e a filha de 14 anos do pastor. Uma família perdeu oito pessoas de três gerações. O assassino em massa foi identificado como Devin Patrick Kelley, 26, e foi encontrado morto depois de ser perseguido por um morador armado e bater com o carro. Ele vestia um colete à prova de bala.
Kelley havia servido em uma base aérea no Novo México mas em 2012 fora à corte marcial por atacar a mulher e filho e ficado preso durante um ano. Recebeu baixa por “má conduta” em 2014. Meios de comunicação afirmam que ele havia feito ameaças aos sogros, que não estavam no culto. O assassino e as vítimas são brancos e, portanto, não se trata de um crime com fundo racial.
Do Japão, primeira parada de sua turnê pela Ásia, o presidente Trump creditou o tiroteio a um “problema de saúde mental do mais alto nível” e não uma “situação de [excesso de] armas”, acrescentando que o atirador era “um indivíduo muito perturbado”. Esqueceu de explicar porque isso acontece nos EUA, entra ano e sai ano.
Nesse mesmo dia, há oito anos, tiroteio no Fort Hood, também no Texas, havia causado a morte de 17. Há um mês atrás, o massacre havia sido em Las Vegas: 59 mortos. Trump decretou bandeiras a meio mastro nos prédios federais em sinal de luto até quinta-feira, após asseverar que “felizmente outra pessoa tinha uma arma que estava atirando na direção oposta, ou teria sido muito pior”.
Embora a oposição democrata sempre procure reduzir o horrendo fenômeno à falta de leis para restringir a venda e posse de armas e ao poderio do cartel do Rifle, não cessa nos EUA a repetição ritualizada de genocídio, como os que os marines não param de cometer nos países que invadem nas suas intermináveis guerras.
Como o cineastas Michael Moore – diretor de “Tiros em Columbine” – costuma dizer, não são as armas que matam por si, são as pessoas que empunham essas armas. E que sucumbiram à desumanização imposta pelos monopólios ianques e sua sociedade pervertida e egocêntrica, em que a capacidade de se identificar com o próximo se perde em meio ao vazio existencial e à apologia da revanche, o que explode como um ódio irracional e demente.