O ex-vereador Jair Barbosa Tavares, conhecido como ‘Zico Bacana’, e o irmão Jorge Tavares foram assassinados nesta segunda-feira (7) no Rio de Janeiro. Eles estavam em um estabelecimento comercial no bairro de Guadalupe, Zona Norte da capital fluminense, quando um veículo parou em frente ao local e um grupo de homens atirou contra eles. Em nota, a Polícia Militar disse que uma terceira pessoa, ainda não identificada, também morreu no ataque.
Segundo o Hospital Municipal Albert Schweitzer, Zico Bacana deu entrada às 17h50 já em óbito. Ele tinha 53 anos e chegou a ser investigado na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das milícias, acusado de chefiar um dos grupos criminosos. Acusação que negou na época.
De acordo com as denúncias que chegaram à Alerj na CPI das milícias, Zico Bacana era chefe de uma milícia que atuava nos bairros de Guadalupe, onde foi atacado, e Ricardo de Albuquerque.
As denúncias indicam que ele controlava uma milícia na comunidade Eternit, em Guadalupe, e que teria ligações com a milícia da Palmeirinha, em Honório Gurgel, que seria controlada pelo também PM Fabrício Fernandes Mirra, o “Mirra”.
Zico Bacana nunca foi condenado pelo crime.
Ele também foi ouvido como testemunha nas investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco em 2018 – não há indícios de qualquer participação dele no crime.
“Informei o máximo que pude, da melhor forma. O que fizeram com a nossa colega não era para acontecer. Peço para que as pessoas que saibam alguma coisa que liguem para o Disque Denúncia. O anonimato é garantido. Vamos ajudar. Faço parte da cúpula da Polícia Militar e estou nessa para defender a conduta da menina, que Deus a tenha. Me colocaram nisso”, afirmou à época.
Vereador do Rio de Janeiro entre 2017 e 2020, pelo Podemos, ele se identificava como paraquedista e policial militar. Em 2020, havia sofrido uma tentativa de assassinato. Segundo o próprio, escapou por pouco, uma vez que a bala passou de raspão na cabeça. Nas redes sociais, mesmo sem ocupar cargo público, se apresentava como liderança comunitária em bairros da Zona Norte. Nesta segunda, antes do ataque, ele publicou stories em sua conta no Instagram, ao lado do prefeito Eduardo Paes e do deputado federal Pedro Paulo em ruas de Guadalupe, para ouvir demandas de urbanização da região.
AMEAÇAS
A sobrinha do ex-vereador, Joice Tavares, afirmou ao portal G1 que seu tio “recebia ameaças todo dia, a gente vivia coagido”, disse. O pai dela também foi morto no atentado.
Ela diz ainda que as ameaças não são recentes e que, no último mês de março, ela foi expulsa da casa em que morava em uma comunidade da região. “Os bandidos foram na minha casa, eu tive que ir embora, fui expulsa com meu marido e minha bebezinha pequena”, desabafou Joice.
Ainda de acordo com a familiar, Zico Bacana se recusava a deixar o bairro e continuava lutando por questões populares, como esgoto e saneamento básico.
“Ele dizia para mim: ‘minha sobrinha, se eu sair daqui Guadalupe acaba. Enquanto eu estiver vivo eu vou lutar porque como policial eu ainda tenho voz’”, contou.