
O Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge-PR) divulgou uma nota de repúdio nesta quinta-feira (27) à direção da Copel devido à forma como a empresa vem conduzindo a proposta de privatização da estatal, em um processo marcado por mentiras, irregularidades e falta de transparência.
“O Sindicato dos Engenheiros do Paraná vem a público manifestar seu veemente repúdio às práticas adotadas pela atual direção da Companhia Paranaense de Energia (Copel) no que diz respeito à venda de ações da empresa e à recorrente divulgação enganosa sobre o suposto apoio dos empregados a tal medida”.
A entidade, que é contrária à privatização, aponta as distorções e mentiras divulgadas pelos executivos da companhia na tentativa de entregar a empresa ao mercado, de forma atropelada, sem sequer esperar o desfecho de decisões por parte do TCU e do TCE-PR.
Nesta quinta-feira, o Ministério Público do Estado do Paraná (MP-PR) acionou o Tribunal de Contas da União ao apresentar um pedido de Medida Cautelar para suspender o processo de privatização da Copel. A solicitação foi feita logo após a abertura, em 26 de julho, de uma oferta pública de ações para a privatização da Copel, com a intenção de reduzir a participação do governo paranaense no capital da empresa.
“Em meio a diversas informações distorcidas e manipuladas, a atual direção da Copel tem legitimado o falso argumento de que 64% dos empregados aprovaram a venda de ações da empresa, fato que não procede. É importante esclarecer que o único ponto em que se alcançou um acordo junto aos empregados está relacionado ao Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), não a venda da estatal”, esclarece o documento.
O sindicato cita como exemplo das mentiras disseminadas pelo governador Ratinho Jr. uma entrevista concedida à Rádio CBN em14 de julho que “serviu como palco para alegações covardes, onde ele afirmou que a venda da empresa havia sido validada por cerca de 60% dos empregados, desconsiderando todas as manifestações contrárias à privatização”. As mentiras do Ratinho privatista foram desmascaradas por meio de um direito de resposta que o Senge obteve junto à emissora.
Além da CBN, a Gazeta do Povo também divulgou outra reportagem na quarta-feira (26), sugerindo que os 64% de aprovação do ACT significam que os empregados aprovam a venda. “Ressaltamos a importância de desmentir a falsa informação, tendo em vista o interesse público da questão”, rebateu a entidade. “Essa mentira, repetida por quem detém o poder e os meios de comunicação, pode confundir a opinião pública e não reflete a verdadeira posição dos trabalhadores”, prosseguiu o documento.
Diante disso, o Senge-PR convocou a direção da Copel para uma mediação no Ministério Público do Trabalho do Paraná, porém, a direção da estatal se recusou, alegando já haver esclarecido a questão, informou o sindicato.
“Não esclareceu! Nenhuma manifestação contrária foi feita pela empresa, seja para os empregados ou para a sociedade”, ressaltou a entidade. “Essa atitude mostra total desrespeito com os anseios e preocupações dos empregados, demonstrando que a atual gestão da empresa não tem interesse em dialogar e considerar os pontos de vista dos seus trabalhadores”, afirma a nota.
De acordo com o sindicato, a direção da Copel tem se manifestado pela redução de custos, especialmente em relação aos gastos com pessoal, postura que “suscita dúvidas sobre o cumprimento integral do que foi aprovado no ACT, sobretudo diante dos recentes anúncios de mercado que indicam a intenção de reduzir ainda mais os custos com o quadro de pessoal, presentes no próprio prospecto da empresa”.
“A Copel é uma empresa de extrema relevância para o Paraná, com 68 anos de história e atuação em 10 estados brasileiros, possuindo sólida reputação. É diante desse histórico incontestável dessa empresa pública, que o Sindicato dos Engenheiros do Paraná reafirma seu compromisso em defender os princípios da dignidade, transparência e responsabilidade, e que continuará lutando incansavelmente pela não privatização das Estatais e pela garantia da Copel como patrimônio do povo paranaense”, enfatiza o manifesto.