A medida veio a público na quarta-feira (14) e atinge dois tenentes-coronéis suspeitos de produzir desinformação para insuflar atos de vandalismo de bolsonaristas
O Exército decidiu afastar de seus cargos dois oficiais suspeitos de participar da trama golpista que pretendia cancelar as eleições e prender ministros do Supremo Tribunal Federal, além de oposicionistas e políticos, como o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD).
Os militares punidos são o tenente-coronel Guilherme Marques de Almeida, que perde o comando do 1º Batalhão de Operações Psicológicas em Goiânia e o tenente-coronel Hélio Ferreira Lima, que sai o comando da 3ª Companhia de Forças Especiais em Manaus.
As exonerações dos militares envolvidos em atividades golpistas de cargos de comando atendem à ordem do ministro do Supremo Alexandre Moraes. A medida veio a público na quarta-feira (14) e atinge dois tenentes-coronéis suspeitos de produzir desinformação para insuflar atos conspirativos contra a democracia e o país.
Os dois aparecem em conversas por mensagens com o também tenente-coronel Mauro Cid, que era o “faz-tudo” de Bolsonaro. Nas conversas, eles organizam formas de espalhar notícias falsas sobre as urnas eletrônicas, a fim de descreditar a Justiça Eleitoral.
O tenente-coronel Guilherme Marques de Almeida chegou a desmaiar quando a Polícia Federal bateu à sua porta em 8 de fevereiro para buscas da Operação Tempus Veritatis. Hélio Ferreira Lima fazia parte do mesmo núcleo de desinformação e também de outro, que, conforme a PF, atuou para planejar e executar medidas para manter as manifestações golpistas em frente a quarteis militares.
Os dois militares trabalhavam para incitar as Forças Armadas (com agentes de dentro do alto escalão sendo cooptados para o golpe) a aderirem ao golpe. Agentes golpistas foram designados para monitorar e operacionalizar a prisão de adversários (incluindo Moraes), entre outras frentes.
Jair Bolsonaro recebeu uma minuta do golpe de seu assessor, Felipe Martins, e fez ajustes no texto mantendo, no entanto, a prisão do ministro Alexandre de Moraes. Um vídeo de uma reunião dos conspiradores foi encontrado na casa do ex-ajudante de ordem de Bolsonaro, o coronel Mauro Cid. Na gravação os participantes da tentativa de golpe produzem provas contra eles próprios da atividade criminosa.
O golpe não se consumou porque a sociedade reagiu e a maioria do Alto Comando Militar foi contra. Apesar disso, houve uma última tentativa de bolsonaristas de estimular uma intervenção das Forças Armadas com a invasão do Congresso, do Supremo e do Palácio do Planalto em 8 de janeiro de 2023. Bolsonaro já está inelegível por uso da máquina pública para espalhar desinformação sobre as urnas eletrônicas e deverá responder pelos crimes expostos no vídeo apreendido.
Com o avanço das investigações, Bolsonaro resolveu afrontar o STF e tentar obstruir a ação da Justiça e convocou uma manifestação em seus apoiadores e de suas milícias para o dia 25 de fevereiro de 2024, na avenida da Paulista, em São Paulo.