O Exército cancelou, nesta sexta-feira (16), a nomeação do coronel Jean Lawand Junior para um cargo diplomático nos Estados Unidos depois da divulgação de que ele instigou junto ao ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, um golpe de Estado para manter o ex-presidente no poder.
O presidente Lula se reuniu com o ministro da Defesa, José Múcio, e com o comandante do Exército, general Tomás Ribeiro Paiva, para discutir a situação e cancelar a nomeação de Lawand.
Jean Lawand e Mauro Cid, que já está preso, trocaram mensagens sobre como dar um golpe de Estado para impedir a posse de Lula, mantendo Bolsonaro no poder. As conversas estavam gravadas no celular de Mauro Cid, que foi apreendido pela PF.
O coronel falou para Mauro Cid comunicar a Jair Bolsonaro que “o povo tá com ele” e que ele poderia “dar a ordem”. “Ele não pode recuar agora. Ele não tem nada a perder”, disse Lawand.
Mauro Cid falou que esse não poderia ser o caminho, porque Jair Bolsonaro “não confia no ACE”, se referindo ao Alto Comando do Exército.
Lawand respondeu: “vai ter que ser pelo povo mesmo”. “Se a cúpula do EB [Exército Brasileiro] não está com ele, de Divisão para baixo está”, continuou.
O ajudante de ordens de Bolsonaro então falou: “Muita coisa acontecendo… Passo a passo…”.
Antes da divulgação dessas conversas, o Exército tinha indicado Jean Lawand Junior para um cargo de representante militar do Brasil nos Estados Unidos. Ele seria transferido para Washington, capital dos EUA, em janeiro de 2024.
Mauro Cid manteve conversas parecidas com outras pessoas, como Ailton Barros, preso por fraudar cartões de vacinação. Ailton Barros também discutiu a forma de dar um golpe de Estado com o ex-nº 2 do Ministério da Saúde no governo Bolsonaro, Elcio Franco.
EXÉRCITO NÃO EMBARCOU EM GOLPE
O Exército enviou uma nota à imprensa reforçando que “prima sempre pela legalidade e respeito aos preceitos constitucionais” e que as mensagens de Mauro Cid e Jean Lawand Junior “não representam” a instituição.
“Opiniões e comentários pessoais não representam o pensamento da cadeia de comando do Exército Brasileiro e tampouco o posicionamento oficial da Força”, enfatizou o Exército.
“Como Instituição de Estado, apartidária, o Exército prima sempre pela legalidade e pelo respeito aos preceitos constitucionais. Os fatos recentes somente ratificam e comprovam a atitude legalista do Exército de Caxias”.
“Eventuais condutas individuais julgadas irregulares serão tratadas no âmbito judicial, observando o devido processo legal. Na esfera administrativa, as medidas cabíveis já estão sendo adotadas no âmbito da Força”, completou.
Ao final do antigo governo, Jair Bolsonaro indicou Mauro Cid para comandar um batalhão de operações especiais de Goiânia. Esse mesmo batalhão foi citado como ponto de partida para um golpe contra a democracia.
O atual comandante do Exército, Tomás Ribeiro Paiva, anulou a nomeação.
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