Com carestia e o desemprego, procura por crédito para pagar contas aumenta 21,3% em setembro, diz Serasa
“O crescimento mais recente da procura por crédito está relacionado à dificuldade do brasileiro de chegar vivo até o fim do mês, em função do aumento da inflação em um ambiente de desemprego ainda muito alto”, avalia o economista Luiz Rabi da Serasa Experian, sobre o aumento da procura por crédito pela população de mais baixa renda para pagar suas contas no fim do mês.
Com a inflação corroendo a renda do brasileiro, com a disparada nos preços dos alimentos, do botijão de gás e da conta de luz, a busca por financiamento subiu 14,2% em setembro na comparação com o mesmo mês do ano passado. Para a população que recebe até R$ 500 mensais, o aumento foi de 21,3%. Entre R$ 500 e R$ 1 mil, o aumento pelo crédito foi de 14,9%. O levantamento foi feito pela Serasa Experian e divulgado pelo 6 Minutos/Uol.
Conforme a renda vai aumentando, esse percentual vai caindo. Entre os que ganham de R$ 1.000 a R$ 2.000, a busca por crédito subiu 12,3%. Esse movimento revela a vulnerabilidade dos mais pobres ao aumento da inflação.
“Nos últimos meses, temos observado o crescimento da contratação de modalidades de crédito típicas de momentos em que as pessoas passam por dificuldades financeiras, sem conseguir manter seus custos fixos com a renda que têm”, observa Rabi. A população de baixa renda acaba buscando por linhas de financiamento mais caras, já que os bancos dificultam o acesso ao crédito.
“Quando a gente vê que a baixa renda está puxando a fila do crescimento do endividamento, isso causa uma preocupação, porque muitas vezes o crédito que essas pessoas conseguem são com taxas de juros muito altas. As que estão negativadas recorrem às financeiras, que cobram taxas três vezes maiores que as dos bancos convencionais. É um perfil de crédito não muito saudável e é uma porta de entrada para a inadimplência”, alerta Rabi.
Os seguidos aumentos da taxa de juros pelo Banco Central dificultam ainda mais a quitação das dívidas. “As dívidas mais caras e mais difíceis de pagar”, afirma Rabi.