32O Sindipetro-SP está denunciando os dois recentes PDV’s na Petrobrás, que resultaram em 20 mil funcionários a menos, sem reposição
Explodiu na madrugada desta segunda-feira, 20, uma caldeira da Refinaria de Paulínia (Replan), no interior de São Paulo. Em seguida, houve um incêndio que foi controlado e não deixou feridos, e mais explosões, mas segundo o Sindicato dos Petroleiros de São Paulo (Sindipetro-SP), foi um golpe de sorte, pois o acidente ocorreu às 1h30.
Segundo os petroleiros da Replan, o incêndio começou logo após a explosão em um tanque de águas ácidas, que fica no chamado craqueamento, unidade que vinha de passar por processo de manutenção e intervenção dos equipamentos. “Foi muito grave o que aconteceu, poderia ter sido uma calamidade”, denuncia o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Simão Zanardi Filho.
Já o coordenador do Sindipetro-SP, Juliano Deptula, afirmou que “se tivesse ocorrido em horário administrativo, quando há muitas intervenções de manutenção e trabalhadores circulando, poderíamos ter tido uma fatalidade”. O sindicato esclarece que a explosão causou o rompimento de várias linhas de tubulações e o fogo também atingiu a unidade de destilação da Refinaria, causando mais três explosões subseqüentes e os trabalhadores tiveram de fugir do local.
A Replan é a maior refinaria da Petrobrás, com capacidade de processamento de 434 mil barris de petróleo por dia e com uma produção correspondente a 20% de todo o refino de petróleo no Brasil.
Com tudo isso, a recente política de cortes implementada pela direção da Petrobrás já começa a cobrar seu preço. O Sindipetro-SP está denunciando os dois recentes Programas de Desligamento Voluntário (PDV’s) na Petrobras, que resultaram em 20 mil funcionários a menos, sem que tenha havido concurso público ou contratações de quaisquer tipo. “Até agora não teve reposição do efetivo e nem concurso público. As refinarias estão trabalhando com o efetivo reduzido e, depois da greve dos caminhoneiros, passaram a operar com maior capacidade, o que exige mais demanda dos trabalhadores que ficaram”, explicou Simão.
Por Isso, o coordenador aponta que “uma das linhas de investigação nossa para a explosão é a falta de efetivo, e outro problema é a falta de manutenção. Nessa passagem de gestão do Pedro Parente e agora do Ivan Monteiro (na presidência da Petrobrás), as manutenções estão sendo adiadas para economia de dinheiro. Isso torna as unidades vulneráveis a registrar vazamentos e quebra de equipamentos”, conta.
O coordenador da FUP e trabalhador da Replan, Gustavo Marsaioli, também reforça o problema: “A gente não descarta a tese de que o enxugamento das manutenções por falta de funcionários tenha sido o real motivo do acidente. Nós, que somos da manutenção, percebemos que as paradas das refinarias para fazer o serviço estão tendo pausas menores para não parar a produção”, explica.
Por causa do acidente – que provocou um tremor que foi sentido na cidade e assustou os moradores – os funcionários do administrativo foram dispensados nesta segunda, pois há falta de segurança. Até o problema ser esclarecido, a Petrobrás informou que manterá somente os funcionários diretamente envolvidos na manutenção das unidades danificadas e equipes de operações e SMS (Saúde/Meio Ambiente/Segurança) e que a produção foi preventivamente paralisada e será instaurada uma comissão para investigar o acidente.
ANA CLÁUDIA