Putin reitera que um atentado das dimensões como o que destruiu os gasodutos submarinos que conectavam Rússia à Alemanha só podia se dar com apoio de estrutura estatal: “É completo absurdo aventar que ação foi feita por grupo ucraniano”
Vladimir Putin, rejeitou, nesta terça-feira (14), as alegações de suposta ação de terroristas ucranianos nas explosões dos gasodutos Nord Stream, em setembro de 2022.
“Tenho certeza de que isso é um absurdo completo. Explosões, como as que ocorreram nas linhas do Nord Stream, tão fortes e com tanta profundidade, só podem ser realizadas por especialistas que usam todo o poder do Estado”, afirmou o presidente da Rússia.
Recentemente, o New York Times noticiou, com base em “dados” da inteligência norte-americana, que um grupo pró-ucraniano teria estado por trás da sabotagem dos gasodutos Nord Stream. Por sua vez, o jornal alemão Die Zeit ecoou que os vestígios do ataque aos gasodutos levariam na direção da Ucrânia.
“Você sempre tem que procurar quem tem interesse. E quem está interessado? Os Estados Unidos, é claro, estão interessados em cortar o fornecimento de energia russa ao mercado europeu e fornecer seus próprios volumes, incluindo GNL [gás natural liquefeito], mesmo que seja muito, 25-30%, mais caro que o russo”, detalhou Putin.
Desde que as explosões ocorreram, Moscou vem tentando persuadir outros Estados europeus, diretamente implicados ou interessados no incidente, aconduzir investigações que possam esclarecer de forma objetiva e real o que aconteceu e quem está por trás das explosões que foram classificadas pelo Kremlin como um “ataque terrorista”.
O presidente russo ressaltou que na prática mundial não há exemplos de reparos em sistemas como o Nord Stream após um acidente dessa magnitude. A Rússia gostaria de obter permissão das autoridades dinamarquesas para realizar as investigações necessárias, de forma independente ou em conjunto com elas, ou “melhor, formando uma equipe internacional de especialistas em explosivos que possam trabalhar em tais profundidades”.
“Mas, ao nosso pedido as autoridades dinamarquesas responderam que eles deveriam pensar por conta própria e que, quando considerassem possível, nos dariam um parecer. Recebemos uma resposta muito vaga”, disse o presidente russo.
“REPRESENTANTES DA EUROPA PERDERAM O GENE DA SOBERANIA”
Os oleodutos Nord Stream têm futuro se os europeus se lembrarem de seus interesses, observou Putin. No entanto, segundo o ponto de vista do presidente, alguns representantes da Europa perderam o “gene” da independência e da soberania.
“É muito difícil para nós conduzirmos nossa própria investigação se não tivermos permissão para entrar no local. O fato de se tratar de um ataque terrorista não é mais segredo para ninguém. Na minha opinião, todos já o reconheceram. Além disso, o ataque terrorista foi claramente cometido em nível estatal porque nenhum amador poderia cometer tais ações”, insistiu Putin.
“Aparentemente, vários dispositivos explosivos foram plantados no Nord Stream, alguns deles explodiram, mas outros não”, afirmou o presidente.
De acordo com o Kremlin, a necessidade de uma investigação mais abrangente seria determinante para fortalecer a segurança europeia. O representante adjunto da Rússia nas Nações Unidas, Dmitry Polyansky, informou que a Rússia distribuiu à ONU uma cópia da correspondência com países que investigam os ataques terroristas aos gasodutos Nord Stream 1 e 2, e que os documentos indicam que eles não informaram suficientemente o lado russo sobre o assunto.
HELICÓPTEROS MILITARES DOS EUA ESTAVAM NA ÁREA
Dados do site Flightradar24, que mostra informações em tempo real sobre o tráfego aéreo em todo o mundo, revelaram que no início de setembro passado helicópteros militares dos EUA sobrevoavam regularmente e durante horas a área onde ocorreu o incidente.
Em 8 de fevereiro de 2023, o jornalista norte-americano vencedor do Prêmio Pulitzer, Seymour Hersh, detalhou que mergulhadores militares dos EUA colocaram cargas explosivas sob gasodutos russos durante os exercícios Baltops da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), realizados em meados de 2022.
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