O PT, em seu site oficial, afirmou o seguinte: “desde que a presidenta Dilma Rousseff foi afastada pelo golpe jurídico parlamentar em maio de 2016, até o mês de abril de 2018 o preço médio da gasolina no Brasil aumentou 14,73% e o preço médio do diesel aumentou 13,76%”.
O PT alivia Temer: somente de 3 de julho para cá, o aumento do diesel foi +59,32%, e o da gasolina, +58,76%. (v. HP 25-29/05/2018, Greve contra preço extorsivo do diesel se alastra pelo país).
Que a cúpula petista é muito ignorante, não é uma novidade.
Entretanto, não é um acaso que eles aliviem Temer e Parente com sua ignorância.
Porque eles, na verdade, não acham errada a política de Parente na Petrobrás. Afinal, eles a iniciaram, quando colocaram na Petrobrás o hoje presidiário Aldemir Bendine.
Apesar disso, são muito mentirosos: o PT, nesse texto, e em outros, atribui os aumentos sucessivos do diesel e da gasolina – que levaram ao levante dos caminhoneiros e à estupenda popularidade do movimento – exclusivamente a Temer.
Hoje, a única coisa que o PT sabe fazer, além de roubar, é fugir da sua responsabilidade.
Apenas alguns pontos:
1) O diesel, entre o fim do primeiro mandato de Dilma e o inglório fim de seu segundo mandato, aumentou em +28%.
2) A gasolina, no mesmo período, aumentou em +21%.
3) Desde outubro de 2014 – portanto, ainda no fim do primeiro governo Dilma – o preço interno da gasolina disparou em relação ao preço internacional. Em março de 2015, o preço dentro do Brasil estava 62% acima do preço internacional (cf. ANP, “Boletim Anual de Preços 2016: preços do petróleo, gás natural e combustíveis nos mercados nacional e internacional”, Rio, 2016, p. 78).
4) Quanto ao diesel: “Durante todo o ano de 2015, os preços domésticos do diesel estiveram em patamar superior ao dos preços internacionais. Em janeiro, o preço médio do combustível no mercado nacional foi 56% superior ao do seu congênere de referência” (cf. ANP, Boletim cit., p.79, grifo nosso).
Somente para frisar: a política atual foi iniciada, em sua essência, no governo Dilma, por Aldemir Bendine, que Dilma nomeou presidente da Petrobrás, hoje condenado a 11 anos de cadeia, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Em 3 de julho de 2017, Parente e Temer oficializaram essa política – mas ela vinha de antes.
PILHAGEM E ROUBO
Como foi a política de preços do PT na Petrobrás, até o segundo semestre de 2014?
Entre 2011 e 2014, em nome de um suposto combate à inflação, a Petrobrás foi obrigada, por Dilma e pelo PT, a comprar diesel e gasolina no exterior (basicamente, nos EUA) e vender esses produtos para as multinacionais petroleiras, aqui no Brasil, a um preço menor do que aquele que pagava para adquiri-los.
Isso obrigou a Petrobrás a um gasto – um prejuízo – de R$ 98 bilhões na importação e venda de combustíveis (cf. E.L. Fagundes de Almeida, P. Vargas de Oliveira e L. Losekann, “Impactos da contenção dos preços de combustíveis no Brasil e opções de mecanismos de precificação”, Revista de Economia Política, vol. 35, nº 3 (140), pp. 531-556 julho-setembro/2015).
Dito de outra forma: a Petrobrás foi obrigada a gastar R$ 98 bilhões, subsidiando multinacionais, aumentando a margem de lucro desses monopólios privados estrangeiros, com a importação e venda de derivados de petróleo.
A política do PT, durante o primeiro mandato de Dilma, foi, como denunciou a Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET), a de “subsidiar os combustíveis repassados às demais distribuidoras como Shell, Esso, Repsol, Ultra” (v. HP 12/03/2014, Aepet condena subsídio para multinacionais na importação de gasolina às custas da Petrobrás).
Depois disso foi o dilúvio. Os aumentos, ainda no governo Dilma, lançaram os preços internos muito acima dos preços internacionais.
Temer, até na política de preços da Petrobrás, foi – e é – uma continuação de Dilma.
Nem vamos falar, aqui, do roubo direto aos cofres da Petrobrás, que levou Lula, Vaccari, Palocci, Dirceu e Bendine à cadeia (R$ 42 bilhões em sobrepreços e superfaturamentos, incluídas as propinas, segundo estimativa da perícia da Polícia Federal).
No entanto, após a explosão da revolta dos caminhoneiros, a linha dos petistas é zombar da população. Um texto, no boletim do PT na Câmara, começa com “Eu avisei”.
Outro, dos mais cretinos, repetido por cérebros meia-confecção, diz: “Agora que a gasolina já chega a R$ 5,00, grupos da internet perguntam: onde está Taís Helena Galon Borges? Para quem não se lembra, recomendo o vídeo abaixo. Ele foi muito divulgado quando Dilma Rousseff era presidente. No vídeo, Taís parece surtada em um posto de gasolina. Grita para que os motoristas não abasteçam. E alerta para o caos: os caminhoneiros parariam e faltaria comida na mesa dos brasileiros. Ela estava revoltada com o preço do combustível: R$ 2,80. Nos dias que antecederam o golpe, parecia revoltada. Hoje, como a maioria das pessoas que foram à rua protestar naqueles dias, permanece em silêncio. Óbvio que nunca foi contra a corrupção nem em defesa da Petrobras. Era ódio. Ódio ao PT”.
Sabe que a Taís tinha razão?
C.L.
Matéria relacionada: