
A empresa Millpar, segunda maior fabricante do setor madeireiro no Brasil, com sede em Guarapuava, Paraná, anunciou o afastamento temporário de 640 funcionários da produção, por meio de férias coletivas, como um dos efeitos dos ataques econômicos de Donald Trump ao país.
A direção da empresa afirma que a maior parcela de sua produção é direcionada aos Estados Unidos e que a medida poderá ser estendida a mais trabalhadores. No total, a empresa emprega 1.109 trabalhadores que atuam em suas duas unidades, Guarapuava e Quedas do Iguaçu.
No dia 9 de julho Trump anunciou que, a partir de agosto, todos os produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos serão taxados em 50%, causando uma ampla reação de repúdio entre os diversos setores da indústria brasileira.
A BrasPine, outra empresa do setor madeireiro, também anunciou uma redução nas próprias operações e a concessão de férias coletivas para 700 trabalhadores da fábrica de Jaguariaíva, nos Campos Gerais do Paraná. A maior parte de sua produção de molduras é destinada à exportação, principalmente para os Estados Unidos.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci), desde o anúncio da taxação pelos Estados Unidos, instalou-se a insegurança no mercado e a produção está sendo reduzida em praticamente todo o setor, com paralisação total em vários casos.
Dados da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), divulgados pela CNN, apontam que as exportações de madeira representam quase 40% das vendas paranaenses aos Estados Unidos. “Nesse momento, nosso grande desafio é lutar pela manutenção dos empregos e continuidade das atividades industriais”, diz a nota da Abimci.
A Abimci afirmou que a maioria dos contratos estão sendo cancelados pelos importadores estadunidenses e muitos embarques foram suspensos. “Para agravar a situação, atualmente, o setor possui, aproximadamente, 1.400 contêineres com produtos já embarcados e em trânsito marítimo para os Estados Unidos. Além disso, em torno de 1.100 contêineres estão posicionados em terminais portuários aguardando embarque”, disse.