A empresa Facebook informou nesta quinta-feira o banimento de uma companhia israelense que vendia campanhas direcionadas a influenciar eleições em vários países através da divulgação de desinformação (fake news).
Nathaniel Gleicher, diretor de política de segurança cibernética do Facebook, informou, em comunicado à imprensa, que foram expurgadas 65 contas israelenses, 161 páginas, dezenas de grupos e quatro contas do Instagram dentro da malha do grupo.
Estas contas estavam diretamente ligadas ao Grupo Archimedes, com sede em Tel Aviv, que se coloca como firma de “consultoria política” que coloca à disposição dos clientes suas capacidades e habilidades para “mudança de realidade”.
Gleicher declara ainda que não vai especular sobre os motivos da Archimedes que podem ser “tanto comerciais como políticos”.
A denúncia não especifica para que políticos a firma atuou, mas informa que o Grupo Archimedes se envolveu em “comportamento coordenado e inautêntico” e que o alvo deste “comportamento” são usuários em países da África Subsaariana, América Latina e Sudeste Asiático.
Gleicher também informou que o Archimedes pagou US$ 812.000 em anúncios fake (claro que não sabe a fonte dos recursos investidos pelos israelenses), mas segundo a agência Reuters, os anúncios do grupo de delinquentes israelenses foram pagos em “reais, dólares e shekels [moeda israelense]”.
O próprio Facebook, que tem sido pressionado por denúncias de que tem sido instrumentalizado para invadir privacidade e influenciar negativamente seus usuários, denuncia agora o grupo israelense. Segundo ainda Gleicher, algumas das contas se apresentavam como de candidatos caluniando adversários políticos e organizações locais, disseminando falsas notícias como suposta “informação”.
“As pessoas por trás desta malha usavam grupos de contas fake para coordenar páginas, disseminar conteúdo e agir para elevar engajamento de forma artificial mostrando conteúdo como mais popular do que era na realidade”, acrescentou o diretor do Facebook.
Estas contas, apesar de criadas a partir da sede em Israel, se identificavam como locais, inclusive se apresentando como agências locais de notícias que supostamente divulgavam notícias vazadas sobre políticos dos locais onde atuavam. Seus tópicos variavam de interferência em eleições em vários países, explorando supostas visões de candidatos e críticas a candidatos.
“Os indivíduos por trás dessa malha tentaram esconder suas identidades e nossa equipe interna confirmou que eles estavam conectados a uma companhia chamada Grupo Archimedes”, disse ainda Gleicher.
Os principais países onde estavam as vítimas dessas campanhas de falsificação na África são Nigéria, Togo, Angola, Niger e Tunísia, informou.
Ele acrescentou que compartilhou informações com parceiros, associados e responsáveis pelo desenvolvimento de políticas para internet.
Para se ter uma ideia do espectro atingido pela ação deletéria do grupo israelense, o Facebook informa que cerca de 2,8 milhões de usuários seguiram uma ou mais das páginas fake e que pelo menos 5.500 contas juntaram-se a um dos grupos formatados pelos falsários israelenses.
O tal grupo Archimedes não esconde suas finalidades, ao contrário, as expõe aberta e orgulhosamente
Vejamos alguns trechos de informações tiradas de seu próprio site:
“O Grupo Archimedes consiste de especialistas em um amplo espectro de campos, consultoria, lobby, diplomacia pública, relações públicas internacionais, informação e mídia social.
Nossas equipes tiveram papel significativo em muitas campanhas políticas e públicas, entre elas eleições presidenciais [grifos nossos] e outros projetos de mídia social em todo o mundo.
Archimedes criou e opera seu campo único na esfera da mídia social.
Quando abordamos os desafios de nossos clientes, nos direcionamos a todas as facetas possíveis relacionadas. Então formulamos uma solução concisa e abrangente que usará todos os instrumentos para tirar todas as vantagens disponíveis no sentido de mudar a realidade de acordo com os desejos dos nossos clientes”.
Elinadav Heymann, é quem se apresenta como presidente do grupo (Chief Executive) a quem o site descreve como ex-diretor de um lobby com sede em Bruxelas denominado ‘Amigos Europeus de Israel’, ex-consultor no Knesset, parlamento de Israel e ex-agente do serviço secreto da Força Aérea de Israel.
NATHANIEL BRAIA