O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, deu o prazo de cinco dias para que Jair Bolsonaro se manifeste sobre a reunião que fez com embaixadores para espalhar fake news sobre as urnas eletrônicas.
O discurso de Bolsonaro é apontado como criminoso por ações movidas por partidos de oposição. Fachin pediu para que Bolsonaro se manifeste sobre as acusações.
Para o PDT, o que Jair Bolsonaro fez “ultrapassa os limites da liberdade de expressão”, pois se trata de um ataque contra a democracia e de disseminação de fake news.
Bolsonaro “aproveitou o evento para difundir discurso com finalidade eleitoral ao promover ataques à Justiça Eleitoral e ao sistema eletrônico de votação, pontos pilares de sua estratégia de campanha”.
“A divulgação de fato sabidamente inverídico atinge a integridade do processo eleitoral, os processos de votação, apuração e totalização de votos”, apontou o partido.
O deputado Renildo Calheiros (PE), líder do PCdoB na Câmara, afirmou que “é absurdo que Bolsonaro convoque reunião com embaixadores para tentar vender suas teses infundadas de fraudes eleitorais e fragilidades nas urnas eletrônicas no Brasil”.
“É inédito que o próprio presidente da República tente difamar o país no exterior”, continuou.
Para Orlando Silva (PCdoB-SP), Bolsonaro “atentou contra as instituições democráticas, cometeu crimes de responsabilidade, improbidade administrativa e crimes eleitorais”.
O deputado afirmou que Jair Bolsonaro está planejando um golpe por “medo de ir preso após a derrota de outubro”.
AMPLO REPÚDIO
O ato de Bolsonaro foi repudiado por amplos setores. Mais de 60 entidades nacionais condenaram o encontro com embaixadores e apontaram um objetivo golpista de Bolsonaro ao atacar as urnas eletrônicas e as instituições democráticas, como o Supremo Tribunal Federal (STF) e o TSE.
Foram posicionamentos dos mais diversos, entre associações de juízes, procuradores, advogados, professores, cientistas políticos, centrais sindicais e servidores públicos. Entre as entidades que se manifestaram, estão três que representam delegados e peritos da Polícia Federal (PF).
A OAB, a ABI, a AJUFE também se manifestaram. O TCU também soltou nota reafirmando a segurança das urnas.
As centrais sindicais CTB, NCST, UGT, Intersindical e Pública condenaram a atitude do chefe do Executivo.
Na quarta-feira (20), servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), por meio da União dos Profissionais de Inteligência de Estado (Intelis), também se posicionaram contra os ataques, sem provas, ao sistema eleitoral.
MILITARES
O general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo, considerou o ato de Bolsonaro um “vexame internacional jamais visto” e uma “vergonha para o Brasil”.
“É o Presidente da República denegrindo o próprio país. O Brasil não merece nem pode aceitar tal insanidade”, declarou o general em seu perfil no Twitter .
“É um absurdo o Pres Rep reunir os embaixadores para falar mal do próprio país”, observou, ainda, o militar.
Os comandantes do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, da Marinha, almirante-de-esquadra Almir Garnier Santos, e da Aeronáutica, tenente-brigadeiro-do-ar Carlos de Almeida Baptista Junior, foram convidados para participar do evento, mas não compareceram.