O crescente desastre do governo Jair Messias Bolsonaro está deixando seus seguidores completamente desnorteados – não que uma boa parte deles já não o fossem – mas, a coisa está se agravando aceleradamente, principalmente depois do fusuê que se instalou dentro do PSL, partido do governo.
O último resquício de “base de apoio político” do Planalto acaba de explodir. Suspenderam até uma reunião nesta quarta-feira (16) com medo das “vias de fato” que poderia ocorrer.
Diante disso, o “guru” de Virgínia, Olavo de Carvalho, desistiu de seguir dando diretrizes em golfadas aos seus “pupilos” dentro da administração federal. O bebum jogou a toalha.
“Só uma coisa pode salvar o Brasil: a união indissolúvel de povo, presidente e Forças Armadas”, escreveu astrólogo, no twitter, incitando seus doutrinados a trabalharem pela instalação de uma ditadura que seria capitaneada por Jair Bolsonaro.
Um de seus milicianos digitais, Allan dos Santos, principal repetidor das bobagens olavistas nas redes sociais, captou a mensagem do bandalho americano e saiu papagueando que “o povo” quer um novo AI-5, referindo-se ao Ato Institucional instituído em 13 de dezembro de 1968 pela ditadura, que resultou na perda de mandatos de parlamentares contrários aos golpistas, intervenções e a suspensão de garantias constitucionais que resultaram na escalada da tortura no Brasil.
“O establishment quer ver Bolsonaro repetindo o AI-5, mas o que vejo é o povo querendo um novo AI-5 e ai de Bolsonaro caso tente parar o povo. Será varrido junto. Não há UM brasileiro que aceitará, caso a decisão do STF seja soltar os CRIMINOSOS EM MASSA. Lava Jato regnat”, escreveu o olavista Allan dos Santos, referindo-se ao julgamento pelo STF da constitucionalidade de prisão em segunda instância, previsto para quinta-feira (17).
Esse desatino de integrantes da falange bolsonarista viria mais cedo ou mais tarde. O que não se esperava é que eles decolassem tão rapidamente da realidade. Os atritos dos olavistas mais desqualificados, incluídos aí os filhos e o próprio Bolsonaro, começaram com o desrespeito do governo com os militares que ocuparam cargos de primeiro e segundo escalão da administração.
Foram agredidos, humilhados e afastados os generais Carlos Alberto dos Santos Cruz, da Secretaria de Governo, um dos generais mais respeitados pelas tropas; Franklimberg Freitas, da presidência da Funai, que não concordou com o genocídio programado de índios, e o terceiro militar a ser demitido foi o general Juarez de Paula Cunha, da presidência dos Correios, por recusar-se a entregar os Correios para as multinacionais.
Depois, a milícia bolsonarista apontou suas baterias contra os políticos, como foi o caso do presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia, e do presidente do Senado, senador David Alcolumbre. Passaram a defender abertamente o fechamento do Congresso Nacional. Bonecos de Maia e Alcolumbre foram vistos nas manifestações das falanges bolsonaristas.
Em seguida, o próprio Bolsonaro atacou o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, defendendo a ditadura e insinuando que sabia como seu pai, Fernando Santa Cruz, tinha morrido. Fernando morreu torturado nos porões do regime de 1964. Bolsonaro só faz elogiar esses porões das torturas que eram ocupados em sua maior parte por milicianos civis degenerados.
O isolamento do governo não parou por aí. De novo o próprio Bolsonaro partiu para o ataque destrambelhado, desta vez contra os cientistas brasileiros. Desrespeitou o presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Ricardo Galvão, cientista renomado, acusando-o de mentir sobre os dados de desmatamento das florestas brasileiras. Galvão acabou demitido e o mundo todo viu que ele tinha razão.
Não satisfeitos, Bolsonaro e Ernesto Araújo, o sub-dotado e desorientado ocupante do Itamaraty, saíram agredindo países vizinhos, e também os não vizinhos. Os dois patetas somente teciam loas aos EUA e a Israel. Era Deus no Céu e Trump e Netanyahu na terra. O primeiro está sendo impeachimado e o segundo perdeu a eleição.
O resultado dessas idiotices foi o isolamento do Brasil no mundo.
Por fim, não há mais convivência nem mesmo dentro do próprio partido que Bolsonaro usou para chegar ao Planalto. Extingui-se a última base parlamentar de apoio ao governo. É um querendo matar o outro dentro do PSL. Um chama o outro de ladrão e vice-versa. E o que se constata é que todos têm razão.
Esse quadro tenebroso explica perfeitamente os motivos que levaram ao desarranjo verbal do guru da Virgínia. É um desespero total com a zona que se instalou no Planalto.