“Acho isso absolutamente impróprio”, afirmou o ministro Gilmar Mendes, do STF
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que é “absolutamente impróprio” Bolsonaro falar nas Forças Armadas para ameaçar a democracia e as instituições democráticas, como aconteceu nesta quinta-feira (7).
“Quem fala que vai usar as Forças Armadas para resolver problemas institucionais, como se elas fossem uma milícia sua, está na verdade cometendo uma grave injúria com as nossas Forças Armadas. Acho isso absolutamente impróprio”, afirmou o ministro. “As Forças Armadas têm atuado desde 1988 cumprindo as regras que foram estabelecidas”, completou Gilmar Mendes.
As declarações do ministro aconteceram em live no site Focus.jor. Ele avaliou o momento atual da situação política nacional.
Bolsonaro tenta insinuar que as Forças Armadas apoiam o seu golpismo. E pior, que o povo apoia um golpe contra a democracia. No domingo (3), na pequena e ruidosa manifestação em frente ao Palácio do Planalto, com a presença de Bolsonaro, ele disse que “nós temos o povo ao nosso lado, nós temos as Forças Armadas ao lado do povo”.
É uma “injúria”, como diz o ministro Gilmar Mendes.
Bolsonaro quer governar sem o Congresso, sem o STF, sem as leis e sem a Constituição.
Foi isso que ele deu a entender, no domingo, quando declarou: “Queremos a independência verdadeiras dos 3 poderes, não só uma letra da constituição. Chega de interferência. Não vamos mais admitir interferência, acabou a paciência”.
Isso porque o ministro Alexandre de Moraes viu interferência pessoal e desvio de finalidade na Polícia Federal com a indicação de Alexandre Ramagem e suspendeu a nomeação feita por Bolsonaro.
Gilmar Mendes criticou na live as crises criadas por Bolsonaro, como a saída do ex-ministro Sergio Moro (Justiça), em meio à pandemia que já matou mais de 8,5 mil pessoas no Brasil pela Covid-19.
“No ano passado nós chegamos ao fim sem grandes dificuldades, mas esse ano veio a crise da pandemia, uma crise econômica, e uma crise política que não estava no plano. Temos aí um coquetel de crises”, disse o ministro.
“É temerário, não ajuda num momento desses que estamos vivendo uma crise na pandemia, brutal crise econômica, em que o desemprego bate às portas, em que as pessoas estão precisando de ajuda, esse tumulto político certamente é totalmente dispensável”, criticou.
“Vamos tentar unir esforços e força num sentido construtivo e positivo”, pediu Gilmar.
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