“O fundo do poço é maior para as pequenas empresas e elas têm tido mais dificuldade para sair dele”, afirma o economista Rodolpho Toblero do Ibre/FGV
A falta de acesso ao crédito continua sendo o principal entrave para a recuperação de pequenas empresas do comércio. De acordo com pesquisa inédita do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), os comércios de menor porte mantêm os índices de confiança e recuperação da demanda baixíssimos – mesmo com a flexibilização do isolamento social e autorização de abertura de lojas na maior parte dos estados brasileiros.
Segundo o levantamento da FGV, das empresas que tentaram obter algum tipo de crédito, mas não conseguiram, 64,4% são de pequeno porte. “A falta de crédito continua sendo o principal problema para a retomada”, diz o presidente do Sebrae, Carlos Melles. Pesquisa mais recente da entidade sobre acesso ao crédito revelou que 82% dos pequenos empresários que recorreram a instituições bancárias ou programas de crédito do governo para sobreviverem durante a pandemia tiveram o acesso negado.
Os dados do Ibre revelam que a situação das pequenas empresas é também um grande problema para a recuperação da economia do país, já que são responsáveis por 27% do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil, além de 54% dos empregos com carteira assinada.
De acordo com dados coletados em junho, o índice de confiança dos empresários marcou 58 pontos, enquanto grandes negócios marcaram 80,6% pontos.
“O fundo do poço é maior para as pequenas empresas e elas têm tido mais dificuldade para sair dele”, afirma o economista do Ibre/FGV e responsável pelo levantamento, Rodolpho Tobler.
A baixa confiança é trazida por uma demanda bastante deprimida.
Os pequenos negócios apontavam 48,6 pontos no índice de demanda em março, ante 94,4 pontos em março. De acordo com a FGV, o índice que mede a demanda varia de 0 a 200 pontos – a marca de 100 pontos indica nível normal de atividade.
“O patamar de antes da pandemia já não era tão forte. E, mesmo assim, não está sendo fácil para as pequenas empresas retornar para esse patamar”, diz Tobler.