“Pela primeira vez na série anual, menos da metade da população em idade para trabalhar estava ocupada no país. Em 2020, o nível de ocupação foi de 49,4%”, diz IBGE
Um total de 32 milhões de brasileiros não tinham emprego no último trimestre de 2020, apontam dados da pesquisa PNAD Contínua do IBGE, divulgados nesta sexta-feira (26), que mostram que, deste contingente, 5,8 milhões desistiram de procurar por vagas de trabalho, “por não encontrarem na localidade em que vivem ou por medo de se exporem ao vírus”, destacou o órgão.
Esses trabalhadores figuram na chamada subutilização da força de trabalho, que é composta por pessoas que estão desempregadas; que trabalham menos de 40 horas semanais (subocupados), mas gostariam de trabalhar mais; que desistiram de procurar emprego (os desalentados); e aquelas que, poderiam estar ocupadas, mas não trabalham por motivos diversos, como mulheres que deixaram de trabalhar para cuidar de seus filhos, por exemplo.
Na comparação entre o quarto trimestre de 2020 com o mesmo período de 2019, houve o aumento de 22,5% nesse contingente, ou mais 5,9 milhões de pessoas subutilizadas. São 13,9 milhões de desempregados , 6,8 milhões de subocupados e 11,3 milhões de pessoas, que destes, 5,5 milhões poderiam trabalhar, mas que não têm disponibilidade por algum impedimento, e 5,8 milhões desistiram de procurar emprego – maior contingente da série anual da PNAD Contínua, iniciada em 2012.
Na média anual, a subutilização da força de trabalho chegou a 31,2 milhões, o maior já registrado pelo IBGE, alta de 13,1% em relação a 2019.
13,4 MILHÕES DE DESEMPREGADOS
O Brasil fechou o ano de 2020 com 13,4 milhões de desempregados, e assim, a taxa média anual foi de 11,9%, em 2019, para 13,5%, em 2020, registrando também um recorde na pesquisa. “Pela primeira vez na série anual, menos da metade da população em idade para trabalhar estava ocupada no país. Em 2020, o nível de ocupação foi de 49,4%”, destacou a analista da pesquisa, Adriana Beringuy.
No último trimestre de 2020, a taxa de desocupação caiu para 13,9%, após ter atingido a marca histórica de 14,6% no terceiro trimestre. Adriana explica que “o recuo da taxa no fim do ano é um comportamento sazonal por conta do tradicional aumento das contratações temporárias e aumento das vendas do comércio”, disse a analista da pesquisa.
MENOS 3,8 MILHÕES DE EMPREGOS FORMAIS EM RELAÇÃO A 2019
“O número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado (exclusive trabalhadores domésticos), estimado em 29,9 milhões de pessoas, cresceu 1,8% (mais de 519 mil pessoas) frente ao trimestre anterior. Já no confronto com o trimestre de outubro a dezembro de 2019, o contingente caiu 11,2% (menos 3,8 milhões de pessoas). A média anual ficou em 30,6 milhões de pessoas, menor contingente da série anual, e recuou 7,8% (menos 2,6 milhões) em relação a 2019”, aponta o IBGE.
33,3 MILHÕES NA INFORMALIDADE
De acordo com o IBGE, em 2020, a taxa de informalidade chegou a 38,7% da população ocupada. São 33,3 milhões de trabalhadores informais (pessoas que trabalham sem carteira assinada, por conta própria, que vivem de bicos) ao todo no país.
SEM AUXÍLIO EMERGENCIAL
Foi diante deste quadro que o governo Bolsonaro cortou no final de dezembro a ajuda financeira emergencial para os trabalhadores informais, que perderam a renda na pandemia de Covid-19. E, agora, para liberar uma nova rodada do benefício – em um cenário em que os casos de contágio e mortes pela doença já superam em muito os piores momento da pandemia no ano passado – o ocupante da cadeira presidencial faz chantagem contra o Congresso, ao condicionar a aprovação de propostas do governo que estão paradas há quase 2 anos no Legislativo, por preverem cortes de recursos públicos, como o fim dos fundos constitucionais da saúde e educação, entre outras medidas de arrocho fiscal, com o fim de transferir ainda mais recursos para o sistema financeiro.