Entidade alerta para ciclo prolongado de juros elevados e restrição ao crédito
O percentual recorde de famílias brasileiras com dívidas em atraso – e que relatam não ter condições de pagá-las – são dados preocupantes apresentados pela Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência de setembro da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), divulgada nesta quarta-feira (08).
Em setembro, o percentual de famílias inadimplentes alcançou 30,5% – o maior nível da série histórica da pesquisa. Destas, 13% afirmam que não têm condições de pagar suas dívidas, também o maior nível da série.
“Os dados reforçam o alerta para o ciclo de endividamento prolongado diante do contexto de juros elevados e restrição ao crédito. A CNC projeta que o quadro permanecerá crítico até o fim de 2025″, analisa a entidade.
Com os prazos de pagamento mais curtos e o endividamento alto, o tempo das dívidas atrasadas também cresceu. O percentual de famílias inadimplentes por mais de 90 dias avançou de 47,8% para 48,7%, o maior nível desde janeiro (48,9%) – fazendo os juros aumentarem ainda mais o endividamento, completa a CNC.
“MUITO ENDIVIDADO”
O nível de endividamento é outro indicador que vem avançando desde fevereiro, alcançando 79,2% em setembro, o maior percentual desde outubro de 2022. Isso engloba dívidas com cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado e prestações de imóveis e veículos.
O percentual dos consumidores que têm mais da metade dos rendimentos comprometidos com dívidas também aumentou depois de cinco reduções, de 18,6% para 18,8%. Além do crescimento de endividados, piorou em setembro a percepção do endividamento, com 16,1% das pessoas se considerando “muito endividadas”.
Analisando os dados desagregados por renda, a pesquisa observou o aumento do endividamento principalmente entre famílias com renda de até 3 salários.
O grupo com renda entre 5 e 10 salários também se destacou, com crescimento de 4,2 p.p. entre setembro de 2024 e 2025.
A inadimplência evoluiu na maior parte das faixas de renda – inclusive entre os mais ricos, com aumento de 2,0 p.p. na inadimplência anual dos que recebem mais de 10 salários mínimos.
Diante do cenário e da manutenção das taxas de juros nos níveis atuais, a CNC projeta que “devemos fechar 2025 com as famílias significativamente mais endividadas (+3,3 p.p.) e mais inadimplentes (+1,7 p.p.) do que no fim do ano passado”.